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“Palavra”

Totonho Laprovítera é arquiteto e escritor. Foto: Reprodução

Com o título “Palavra”, eis conto de Totonho Laprovítera, arquiteto, escritor e artista plástico. Chega com mais uma boa historinha.

Confira:

Os africanos chamavam de “candango” seus colonizadores portugueses. Era um termo pejorativo atribuı́do a um individuo ordinário, ruim. Porém, no Brasil, a palavra mudou de sentido. Referindo-se positivamente às pessoas que trabalhavam na construção da sua nova Capital, “candango” virou sinô nimo de desbravador, de homem que confia no progresso, de brasileiro comum e operário de Brası́lia.
Pois bem. Certa vez, ouvi dizer: “Hoje em dia só quem tem palavra é dicionário.” Não sei quem disse, mas me lembro perfeitamente de quando escutei essa máxima sobre a importância de uma palavra dada.

Na enseada do Mucuripe, enquanto eu espiava as ondas do mar pautando a praia, ouvi um senhor de cabelos brancos dividir suas reIlexões sobre a vida, sentado na coxia da calçada. Ele falou que uma palavra é mais valiosa do que qualquer papel assinado, pois quando prometemos algo a alguém, fazemos valer nossa integridade e conIiança. A palavra representa o nosso tutano, resume a nossa pró pria essência. Aquelas palavras, ditas com convicção e sabedoria, fervilharam em minha mente. Passei a prestar mais atenção nas promessas que fazia e, desde então, tento
viver de acordo com essa simples lição.

Também sobre o mote, as palavras têm um grande poder. Elas inspiram, motivam, acalmam, ferem ou até mesmo mudam o curso da histó ria. O modo como as usamos pode deIinir como somos percebidos e como nos percebemos. Elas têm o poder de unir pessoas, de criar laços de entendimento e empatia. Por outro lado, podem ser usadas para dividir, ferir e para semear discórdia.

Pois é, as palavras têm consequências, e é responsabilidade de cada um de nós usá-las com sabedoria. Podemos escolher palavras que elevem, inspirem e promovam a paz e a compreensão. Podemos usar nossas palavras para construir um mundo melhor, onde o respeito, a gentileza e a misericórdia sejam as bases do nosso diálogo. As palavras têm poder, e cabe a nó s usá-las da melhor maneira possı́vel.
No mais, “seu” Cizota, então carcereiro da antiga cadeia pública da cidade do
Icó , foi desaIiado por um velho conhecido:

  • Cizota, eu lhe dou um negócio a cada palavra que você disser certa. São
    três, ta bem?
  • Cuma?
  • Perdeu a primeira.
  • Pois me dê uma chanche!
  • Perdeu a segunda.
  • Tumém…
  • Perdeu a terceira.

*Totonho Laprovítera,

Arquiteto, escritor e artista plástico.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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