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“Pedaço por pedaço” – Por Totonho Laprovítera

Com o titulo “Pedaço por pedaço”, eis mais uma crônica da lavra de Totonho Laprovitera, arquiteto, artista plástico e escritor.

“Amanhã, hoje será ontem.” (Toim da Meruoca)

Confira:

Nos conventos, durante a leitura das Escrituras Sagradas, ao mencionar São José, eram usados os termos “Pater Putativus” (“Pai Suposto”), comumente abreviados como “P.P.”. Assim, surgiu nos países de colonização espanhola o hábito de chamar José de Pepe.

A propósito de “Putativus”, eu costumava cumprimentar calorosamente o advogado Evandro Pedro Pinto desse jeito: “Direito Putativo, peça magistral de Clodoaldo Pinto, seu pai!” No entanto, essa é uma outra história, que contarei depois. Na verdade, mais do que apenas cumprimentar, eu dou o maior valor a comemorar os amigos. Puxei isso do tio Orlando, que, com quem se encontrasse, fazia a maior festa! De quebra, ainda se referia a eles pelo diminutivo dos nomes ou pelas iniciais.

Passa a marcha! Nos anos 1970, no campo de peladas Batistão, na Praia do Futuro, em Fortaleza, lembro do fotógrafo Januário Garcia refletindo: “É impressionante que, dentro de uma carcaça dessas, haja uma carne tão saborosa; é um achado.” A cena se mistura com as lembranças de um tempo em que a cidade fervilhava de vida e diversão. O Tobogã ao lado do Clube dos Diários, por exemplo, fazia o maior sucesso. A moçada pagava, subia a escada estreita, sentava-se em um saco encerado e deslizava pela superfície metálica.

As expressões e modismos também marcaram essa época. A famosa “fora de série” surgiu no Programa Flávio Cavalcanti, em um quadro homônimo que apresentava fazeres inusitados. O sucesso foi tanto, chega a expressão passou a ser usada no dia a dia. Entre os jurados do programa, figuravam Carlos Renato, Erlon Chaves, José Fernandes, José Messias, Leila Diniz, Maestro Cipó, Márcia de Windsor, Marisa Urban, Mister Eco, Nélson Motta, Oswaldo Sargentelli e Sérgio Bittencourt. Enquanto isso, no programa Fantástico, a simpática zebrinha anunciava os resultados da loteria esportiva. Criada pelo cartunista Borjalo, ela mexia olhos e boca para divulgar, um a um, os treze resultados da rodada. Em Fortaleza, o cantor Genival Lacerda era figurinha carimbada no programa de televisão de Irapuan Lima, com suas “irapuetes”, trazendo alegria e irreverência ao público.

E, claro, as noites de sexta e sábado tinham um encanto especial na Avenida Beira Mar. Era costume dos fortalezenses se reunir às mesinhas para aproveitar o clima boêmio da cidade. Nas rodas musicais, sempre aparecia Assum Preto, com seu inconfundível violão, interpretando a irreverente canção “Rosinha”.

São muitas histórias entrelaçadas pelo tempo e pela memória. Como não dá para contar tudo de uma vez, o jeito é ir compartilhando esses retalhos de lembranças, pedaço por pedaço.

*Totonho Laprovítera

Arquiteto, artista plástico e escritor.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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