Com o título “Perdemos o Papa dos pobres, da paz e da ecologia. Viva Francisco!”, eis artigo de João Alfredo Telles Melo, superintendente do Instituto do Desenvolvimetno Agrário do Ceará (Idace). João, bom destacar, é, acima de tudo, um católico engajado nas lutas sociais.
Confira o artigo dele:
Não há como negar um sentimento de profunda, de imensa dor e tristeza ao acordar, nesta manhã, com notícia tão impactante como o falecimento do grande Cardeal Jorge Maria Bergoglio, nosso Papa Francisco.
Não que não soubéssemos de sua frágil condição de saúde, mas, nosso pensamento desejante torcia, vibrava, rezava por sua plena recuperação.
O travo na garganta parece me roubar as palavras nessa tentativa de uma pequena homenagem a um ser humano tão imenso, a um cristão que viveu verdadeira e radicalmente sua fé, como nosso Papa que retornou hoje à Casa do Pai.
Com uma figura tão excepcional porque multidimensional, seria difícil abarcar toda a importância de seu pontificado para o mundo de hoje, não só para católicos, mas, para toda a humanidade.
É uma perda de proporções incomensuráveis!
Quero me cingir, por seu profundo significado, à escolha do nome papal – Francisco -, por sugestão do Cardeal Cláudio Hummes (“não se esqueça dos pobres”) – numa homenagem ao pobrezinho de Assis, o São Francisco das Chagas, venerado aqui em nossa Canindé.
O primeiro Francisco, lá da idade média, chocou uma igreja rica e suntuosa ao renunciar às riquezas de sua família para ir viver com os pobres.
É desse santo que o Francisco de nossos dias – que se vestia com simplicidade e foi morar em uma hospedaria com padres e freiras, ao invés do palácio papal – se inspirou para apoiar a Teologia da Libertação.
Isso não se deu apenas (e já seria muito) em sermões, cartas e alocuções públicas, mas em gestos, como a ligação telefônica que fez para o Padre Júlio Lancelloti, se solidarizando em face dos ataques realizados pela extrema direita contra o sacerdote que partilha o pão e o amor com a população de rua em São Paulo.
Do Francisco de Assis – autor do belo cântico de louvor às criaturas da natureza – nosso Jorge Bergoglio que nos deixou hoje, buscou inspiração para a primeira carta papal ecológica, a “Laudato Si” (Louvado Seja), que chama nosso planeta Terra de “Casa Comum” e cunhou o conceito de “Ecologia Integral”, conclamando a humanidade a preservar a Natureza, rejeitando sua transformação em mercadoria porque bem comum de todos.
Nosso Papa sempre falou em defesa da Amazônia, foi solidário aos povos indígenas, guardiões de nossas florestas, recebeu e abençoou Greta Thumberg, a jovem ativista sueca.
A terceira dimensão que une os dois Franciscos é a Paz. Quantas vezes nosso Jorge condenou as guerras e a violência em todo o mundo! Teve a coragem de denunciar o genocídio (assim por ele nomeado) perpetrado, em Gaza e na Cisjordânia, contra o povo palestino pelo estado sionista de Israel.
Deu conhecimento ao mundo que ligava semanalmente para padres e religiosas de uma paróquia em Gaza para saber como estava o seu povo em meio ao bombardeio.
Paz e bem! A saudação franciscana caia muito bem nesse padre jesuíta tão humano e admirável quanto o pobrezinho de Assis do século XII da era cristã.
Se comecei com tristeza, que ainda me atravessa neste momento, termino com o sentimento de gratidão, por tudo que Francisco nos deixou – pela pedagogia do exemplo – de espírito e vida cristã, de tolerância, solidariedade, de humildade, de alegria, de compromisso com todos(os) os(os) oprimidos(as) e excluídos(as) de nossa sociedade, de inclusão e de combate aos preconceitos, de respeito e reverência à Mãe Natureza.
Muito obrigado, Papa, Padre, Pai Francisco!
Que saibamos – católicos, cristãos, humanistas agora órfãos – honrar seu imenso e importante legado!
E que Deus-Pai o receba em toda sua Glória! “Abença!”
*João Alfredo Telles Melo
Superintendente do Idace.
Uma resposta
Nesse universo de adjetivações, faltou o João Alfredo nomina-lo como um dos maiores defensores da atual Ordem mundial Globalista, ideólogo maior e grande defensor do status quo internacional.