Categorias: Saúde

Pesquisa aponta que cerca de 45% dos médicos apresentam algum quadro de doença mental

Eduardo Moura, diretor da Research & Innovation Center da Afya. Foto: Divulgação

Nova pesquisa Qualidade de Vida do Médico, realizada pelo Research & Innovation Center da Afya, maior ecossistema de educação e tecnologia em medicina no Brasil, aponta: cerca de 45% dos médicos apresentam algum quadro de doença mental. Na região Nordeste, 39% dos médicos relataram algum quadro de doença mental, segundo essa mesma pesquisa.

Em relação à depressão, 15% dos médicos da região estão em acompanhamento ativo, enquanto 42% afirmam nunca ter apresentado sintomas. Quanto à ansiedade, 24% dos profissionais estão em tratamento e 27% dizem nunca ter enfrentado o problema. Já no caso da síndrome de burnout, 48% dos médicos da Região Nordeste relatam nunca ter apresentado sinais da condição, índice mais alto entre as regiões do País.

Para dar visibilidade a esse tema tão relevante e criar um espaço de acolhimento, a Afya lançou a campanha “Bora se Cuidar”, que aposta na leveza para tratar da saúde mental e se propõe a ser um porto seguro não só para médicos, mas também para os estudantes, que enfrentam uma carga horária acima da média de outros cursos.

A campanha conta com um vídeo protagonizado pelo influenciador médico Ricardo Kores, que traz a proposta “do riso à reflexão”. Além disso, há conteúdos de outros profissionais, podcasts e uma landing page exclusiva, que reúne diferentes formatos de apoio, como chat de ajuda, cartilha de autocuidado e calendário de eventos, permitindo que cada pessoa escolha o conteúdo que melhor se encaixa em seu momento.

“A formação médica exige dedicação integral, o que, somado à cobrança por excelência e à dificuldade de reservar tempo para si, pode favorecer o esgotamento emocional. A Afya quer tornar essa jornada menos solitária e mais sustentável do ponto de vista emocional. O cuidado precisa começar ainda na base, durante a graduação, e se estender por toda a trajetória da Medicina”, destaca Stella Brant, vice-presidente de Marketing e Sustentabilidade da Afya.

Burnout, ansiedade e depressão

Em comparação com o ano anterior, o estudo Qualidade de Vida do Médico aponta um aumento de 13% no número de profissionais que relatam algum quadro de doença mental, um retorno ao patamar observado no período pós pandemia.
O recorte de gênero também chama atenção: 51,8% das médicas foram diagnosticadas com algum transtorno em 2025, frente a 46,8% no ano anterior.

“O aumento geral desses números pode estar relacionado à maior conscientização sobre saúde mental, que tem levado mais médicos a reconhecer sintomas, buscar apoio especializado e obter diagnósticos adequados”, explica o médico Eduardo Moura, que está à frente do Research & Innovation Center da Afya.

O estudo também aponta que 1 a cada 2 médicos (58,2%) já vivenciaram algum grau de esgotamento relacionado ao trabalho, enquanto 4 em cada 10 convivem com um diagnóstico de transtorno de ansiedade. Apenas 24,7% dos respondentes afirmam nunca ter apresentado sintomas de ansiedade — o que significa que mais de 75% já vivenciaram algum grau de sofrimento ansioso ao longo da vida.

A pesquisa também busca avaliar o número de diagnósticos de depressão entre médicos e médicas e se há tratamento e acompanhamento com um especialista. No caso específico da depressão, apenas 36,1% nunca apresentaram sintomas — ou seja, quase dois terços da amostra já vivenciaram, em algum grau, experiências depressivas. Além disso, 22,6% já foram diagnosticados em algum momento e atualmente não convivem com a condição. Hoje, 41,3% manifestam sintomas de depressão, sendo 25,7% diagnosticados formalmente com a condição. Ainda assim, parte desse grupo não realiza acompanhamento com especialista.

As mulheres relatam a condição com mais frequência em todas as etapas do ciclo da doença. Elas são maioria tanto entre aquelas que têm diagnóstico atual e fazem acompanhamento (25,1%, contra 18,2% dos homens) quanto entre as que já foram diagnosticadas (24,6% contra 20%).

“Os números mostram que o sofrimento emocional dos médicos não é pontual, é estrutural. Altos índices de ansiedade, burnout e depressão, somados às desigualdades de gênero, revelam a urgência de reposicionar o cuidado com quem cuida como prioridade estratégica. Isso exige políticas contínuas, integradas e sensíveis às realidades da profissão. Mais do que estatísticas, os dados escancaram urgências humanas que o país não pode mais ignorar”, afirma Moura.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

Esse website utiliza cookies.

Leia mais