Com o título “Pesquisas eleitorais”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará. “Os institutos de pesquisas eleitorais podem dar uma importante contribuição no debate dos problemas do país, sinalizando os compromissos dos candidatos, deixando de lado a forma atual de pesquisa, vazia de conteúdo programático, centrada em nomes. As pesquisas precisam perguntar aos eleitores sobre o que eles desejam daqueles que se candidatam, tanto ao Executivo, quanto ao Legislativo”, expõe a articulista.
Confira:
Sonho com um Brasil justo, em que todos possam ter uma vida digna, longe da indigência da fome, e da miséria, sem precisar recorrer a programas governamentais de complementação de renda. Para tanto, é preciso tornar a educação prioridade do país, baixar impostos, combater a sonegação fiscal, controlar as contas públicas, acabar com o loteamento da máquina estatal, e com a reeleição, estes dois últimos responsáveis por todos os desmandos da política, e pelas dificuldades da economia.
Sonho impossível? Penso que não. Desafiador, sim. Envolve mudar a visão atual sobre a política, buscada como emprego, para uma nova configuração, como serviço. Os institutos de pesquisas eleitorais podem dar uma importante contribuição no debate dos problemas do país, sinalizando os compromissos dos candidatos, deixando de lado a forma atual de pesquisa, vazia de conteúdo programático, centrada em nomes. As pesquisas precisam perguntar aos eleitores sobre o que eles desejam daqueles que se candidatam, tanto ao Executivo, quanto ao Legislativo.
As perguntas das pesquisas eleitorais poderiam ser como estas: você votaria em quem apoiasse o fim da reeleição para todos os políticos? … em quem apoiasse o fim do loteamento da máquina pública? … em quem apoiasse o fim da prática de se eleger para o Legislativo e assumir cargo no Executivo? … em quem apoiasse o fim das emendas parlamentares? Estas questões precisam constar nas sondagens de definição de voto. Elas são estruturantes para mudar a qualidade da política.
Muitas outras questões também podem ser aplicadas, contemplando os anseios da população, nas áreas de educação, saúde, segurança pública, combate à corrupção na política e enfrentamento das mudanças climáticas. As perguntas poderiam ser: o que precisa mudar na
educação, na saúde, na segurança, na política, no enfrentamento das mudanças climáticas. É importante perguntar ao eleitor se ele apóia o candidato que se compromete em tornar inelegível perpétuo os políticos processados por corrupção, e aquele que luta contra a devastação da natureza.
As pesquisas não devem trazer nomes de candidatos, num primeiro momento, mas elencar os compromissos que eles devem assumir, constituindo-se em matéria para a mídia tratar, discutir, aprofundar, repercutir junto aos potenciais candidatos. A divulgação dos resultados das sondagens na mídia, nas redes sociais, mostraria aos candidatos os temas mais relevantes discutidos pela população, e o que ela espera deles, sobre os quais os postulantes seriam instados a se manifestar e se comprometer. Desta forma, os eleitores poderiam definir o voto, de acordo com compromissos assumidos publicamente. As pesquisas eleitorais, então, deixariam de ter cunho personalista, e de aposta, para se tornarem instrumento importante, visando ao avanço do Brasil.
*Fátima Vilanova
Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), idealizadora da Ouvidoria da Universidade Estadual do Ceará, e sua primeira ouvidora, e autora do livro: “Está tudo errado…” (Disponível na Amazon).
Você pode me acompanhar no YouTube, no programa Democracia Radical, nos perfis: @fatimavilanova6810, @josemariaphilomeno
Ver comentários (2)
Maravilha de texto.
Obrigada, João Carlos! Abraço