Dos 3.490 policiais penais no Ceará, cerca de dois mil se encontram afastados por motivo de doença. O levantamento é do Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (SindppenCE), apresentado pelo seu vice-presidente Daniel Mendes.
Ele foi entrevistado pelo Podcast Blogdoeliomar, por meio dos jornalistas Eliomar de Lima e André Capiberibe.
Segundo ainda Daniel Mendes, somente nos quatro primeiros meses deste ano, 371 policiais penais pediram afastamento por motivo de doença. Para o vice-presidente do SindppenCE, o maior motivo das doenças é o baixo efetivo, que obriga policiais a uma pressão psicológica em 17 grandes presídios e em cerca de 15 cadeias públicas, com uma população carcerária de 22 mil detentos, além de cerca de outro seis mil com tornozeleiras eletrônicas.
De acordo ainda com Daniel Mendes, o policial penal chega a ser responsável por até 200 presos, mas ninguém quer saber das condições de trabalho, quando acontece uma fuga. O vice-presidente do SindppenCE revelou que, inclusive, ocorrem motins nos presídios, mas que não chegam ao conhecimento da mídia e nem da sociedade.
No início do próximo ano, há previsão para a convocação de 600 novos policiais penais, “mas, se não houver uma mudança no sistema, esses novos policiais também deverão adoecer”.
O vice-presidente do SindppenCE admitiu que há separação de presos, por facções, o que legitimaria a existência de um poder paralelo no Estado. Ele se diz contra essa separação e propõe uma atuação mais forte do Estado contra os líderes dessas facções, como ocorreu no antigo IPPS.
Daniel Mendes lembra que, no próximo mês, o Ceará deverá entregar o seu plano “Pena Justa” para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que em 2021 apontou várias irregularidades nos presídios do Estado.
SAP
Em nota enviada ao Blogdoeliomar, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), diz que “o sistema prisional do Ceará possui 3.458 policiais penais na ativa. Destes, 756 estão afastados por variados tipos de licenças, que vão desde licença-maternidade, saúde clínica, traumatologica, mental, etc”.
Confira a entrevista com o vice-presidente do SindppenCE, Daniel Mendes, na íntegra: