Com o título “Policiais: grupo vulnerável”, eis artigo de Plauto de Lima, coronel da reserva da PMCe e mestre em Planejamento de Políticas Públicas. “Com o tempo, percebi que esses grupos minoritários geralmente são compostos por pessoas que falam de “igualdade”, mas não se importam com direitos iguais”, expõe o articulista.
Confira:
Participei de várias campanhas eleitorais. Logo na minha primeira, fiz parte da equipe do plano de governo de um candidato a governador. Aprendi muito com aquela experiência. Nas eleições que se seguiram, continuei nessa função, chegando à coordenação desse importante setor da campanha por três vezes consecutivas.
Um plano de governo deve abordar as principais necessidades da população em diversas áreas. Essas prioridades eram medidas anteriormente por meio de pesquisas. De posse desses números, que serviam como a espinha dorsal do plano, eu elencava os temas. Em seguida, especialistas eram convidados a contribuir na discussão e na formulação das propostas. Porém, nessa caminhada de construção, sempre surgiam os temas que envolviam as demandas dos grupos ideológicos denominados minorias.
Desses grupos, destaco os de identidade de gênero, conhecidos pela interminável sigla LGBTQQIAAPF2K+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Questionando, Intersexuais, Curiosos, Assexuais, Aliados, Pansexuais, Polissexuais, Familiares, 2-espíritos e Kink), por sua militância sempre atenta nesse período eleitoral para exigir a inclusão de propostas destacadas para a causa dessa minoria. Alinhados com políticos progressistas, essa exigência trazia consigo uma armadilha ideológica para os conservadores, semelhante à dos caçadores de bruxas da Idade Média: se a mulher se afogar, ela é inocente; se ela flutuar, é uma bruxa e pode ser queimada. Nessa lógica, sempre criticavam qualquer proposta apresentada.
Com o tempo, percebi que esses grupos minoritários geralmente são compostos por pessoas que falam de “igualdade”, mas não se importam com direitos iguais. Elas falam de “antirracismo”, mas desenvolvem atitudes racistas. Elas falam de “justiça”, mas, na realidade, querem fazer “vingança”. São pessoas de moral binária, e a sua “revolta” geralmente se manifesta quando alguém ligado à sua linha ideológica é ofendido, não reagindo com a mesma ênfase quando outra pessoa sofre o mesmo tipo de agressão. São seletivos nas defesas, sendo mais propensos a reclamar, não com o abuso por si só, mas a depender de quem praticou esse abuso. Ou seja, não defendem direitos e valores humanos, mas os seus direitos e os seus valores.
Aqui no Ceará, um deputado estadual que foi feito governador tornou lei um projeto de sua autoria que obrigou todos os estabelecimentos comerciais a afixarem, em local visível, uma placa contra o que ficou conhecido como LGBTfobia. Percebam que essa lei foi imposta por um político de viés progressista, que se diz defensor da liberdade – os autoritários raramente reconhecem seu próprio autoritarismo – mas obriga as pessoas a alinharem-se a uma política ideológica de um grupo minoritário, na qual os comerciantes não tinham a opção de não afixar; eles eram obrigados por lei e sujeitos a penalidades caso não a cumprissem.
Analisando sob a perspectiva de que a inclusão de temas minoritários em campanhas eleitorais ou em leis não retira a liberdade da maioria, mas busca expandir direitos para garantir que todos possam viver dignamente, não seriam os LGBTQQIAAPF2K+ que deveriam receber esse olhar dos políticos, pois não são caçados nas ruas ou mortos nas entradas de favelas só por serem identificados como tais. Todavia, os policiais cearenses são uma minoria que merece esse olhar diferenciado. Afinal, sofrem preconceitos por parte das diversas classes sociais e formadores de opinião, quando são acusados de atos violentos antes de sua defesa, além de estarem sendo covardemente mortos simplesmente por serem policiais.
*Plauto de Lima
Coronel RR da PMCe e mestre em Planejamento de Políticas Públicas.
Ver comentários (4)
Assim como existe a homofobia, existe também a heterofobia e a policialfobia. Hoje em dia existe mais preconceito aos profissionais militares de que preconceito pela opção sexual. Sem contar a ditadura da aceitação, que obriga as pessoas a achar normal aquilo que não é.
Sinto- me ameaçada pela acoes politicas de algumas pessoas pertencentes a grupos que claramente se articulam contra nosso país que é democrata, mas parece não estar!
DEUS NOS LIVRE DESSES HOMENS Malignos
Muito bom e verdadeiro o Artigo!
A luta por direitos perde o seu sentido quando (seja ela qual for) torna-se a minha causa única e a defendo como a causa única do mundo. Isso se torna uma luta por uma uniformidade, onde quero e exijo que todos pensem e lutem como eu e além de não enxergar a causa do outro, me levanto contra. A morte de policiais colocada tão bem pelo Cel Plauto é um exemplo de luta de uma minoria, que não é visto assim e nem levado em conta. Eu sempre me incomodei com adesivos que dizem: eu freio para animais, porém esses dias vi um outro que me parece mais apropriado - eu freio para vidas.
Quando lutamos pela vida, não importa as letras, cores, fardas, se tá na barriga ou fora, são vidas que merecem atenção.