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“Política, esporte e violência”

Valdélio Muniz é jornalista. Foto: Divulgação

Com o título “Política, esporte e violência”, eis artigo de Valdélio Muniz, jornalista, analista judiciário, professor universitário, mestre em Direito Privado e membro do Grupo de Estudos em Direito do Trabalho (Grupe-UFC).

Confira:

A violência é algo que envergonha a humanidade como espécie em qualquer campo onde se registre. É o recibo que se passa à incapacidade de respeitar o diferente, de conviver com contrários e de dialogar em busca de soluções civilizadas aos contratempos e infortúnios cotidianos. Mas, é principalmente a expressão concreta da irracionalidade que pode existir num pretenso cidadão.

Nos últimos tempos, temos assistidos a cenas de horrores dentro e no entorno de estádios de futebol, que vão de agressões verbais (sobretudo com demonstrações de racismo e homofobia), violência física e vandalismo por pseudotorcedores que não se conformam com o desempenho de seus clubes ou que não sabem ignorar ou reagir racionalmente a eventuais provocações vindas de adversários.

Mas, não fica por aí. Também temos assistido, eventualmente, confusões iniciadas dentro do próprio campo pelos atletas que, como profissionais, deveriam ter a consciência e a responsabilidade de, perante seus torcedores, serem exemplo de equilíbrio, disciplina e confiança na utilização dos recursos legais ou regimentais para a solução de impasses ou injustiças de que possam se sentir vítimas.

Na política, também tem se visto um lamentável acirramento que há muito já ultrapassa o campo dos debates. Igualmente movidos por ilusórias ou falsas paixões, pseudoeleitores se mostram incapazes de demonstrar o mínimo de respeito aos que divergem das suas escolhas partidárias, ideológicas ou muitas vezes meramente pessoais e, como resposta, trocam qualquer argumento minimamente racional por violência.

Ocorre que, assim como mencionado em relação a determinados atletas e dirigentes esportivos, há políticos que, em vez de promoverem apelos de paz, de tolerância, de compreensão e respeito, estimulam seus seguidores e incitam a violência contra adversários como quem põe mais lenha numa fogueira, com a inconsequência de quem pouco se importa se o vento pode mudar de direção e atingir a si e aos seus próprios correligionários.

Em comum, tanto na política quanto no esporte, a irracionalidade materializada em forma de violência tende a afastar verdadeiros torcedores e eleitores, sobretudo crianças, mulheres e idosos, públicos mais vulneráveis em situações de caos geradas a partir do afloramento do que de pior pode existir em pseudotorcedores e em pseudoeleitores quando o decorrer dos fatos foge aos seus desejos e expectativas.

A história tem mostrado repetidamente que aqueles mesmos atletas, treinadores e políticos pelos quais muitos brigam e se expõem negativamente, pouco tempo depois se transferem exatamente para o lado oposto como parte natural dos processos esportivos e políticos. Que sejamos menos apaixonados, no mau sentido do termo, e mais tolerantes e racionais.

Como em todos os campos da vida, é preciso saber perder e saber vencer porque é de vitórias e de derrotas que é feita a vida. Inclusive no esporte e na política.

*Valdélio Muniz,

Jornalista, analista judiciário, professor universitário, mestre em Direito Privado e membro do Grupo de Estudos em Direito do Trabalho (Grupe-UFC).

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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