“Político de estimação” – Por Fátima Vilanova

Com o título “Político de estimação”, eis artigo de Fátima Vilanova, doutora em Socióloga. “É a tragédia brasileira. Ter político de estimação revela o atraso de uma sociedade, que precisa de líder”, expõe a articulista.

Confira:

A política só vai melhorar no Brasil quando todos passarem a fiscalizar seus representantes, a cobrar, a participar do dia a dia da gestão pública. O que assistimos, no entanto, via de regra, é que só se fiscalizam os adversários. Todos ficam cegos, surdos e mudos, após as eleições, cada um com o seu político de estimação, a aplaudir e ignorar suas falhas, omissões, desvios. Compra de votos? Desvios em licitações? Isto só é denunciado por opositores, que respondem com a máxima: “é tudo perseguição”.

É a tragédia brasileira. Ter político de estimação revela o atraso de uma sociedade, que precisa de líder. E que líderes?… Os exemplos são os piores possíveis. Um dito líder odeia a democracia, quer a volta de militares, aplaude a tortura, vê inimigos por todos os lados, diz que “o sistema está todo contra ele”, que ele quer “salvar o Brasil do comunismo”. O outro defende que a democracia é relativa, apóia governos autoritários, da Rússia, Cuba, Venezuela, Nicarágua, defende Putin contra a Ucrânia, que foi invadida. Condena Israel, e nunca o Hamas pelas atrocidades cometidas por ambos.

Educação política zero, não existe. E o Brasil segue com seus eternos problemas, miséria, violência, educação e saúde precárias, carência de saneamento básico, Amazônia queimando, indígenas morrendo à míngua, tráfico avançando na Amazônia, negacionismo das mudanças climáticas. Mas, o esbanjamento de dinheiro público é escancarado, sem pudor, como na viagem de Lula ao Japão, com uma gigantesca comitiva a gastar sem pena o meu, o seu, os nossos suados impostos.

E a Nave segue sem rumo, de eleição em eleição, com muita gastança dos três Poderes, sem o ajuste fiscal necessário para o controle da inflação, que corrói salários e a esperança de dias melhores para todos. O sentido de servir da política é solenemente ignorado pelos eleitos. A população virou um detalhe. E a política um negócio.

Só a sociedade pode mudar tudo isso, começando por questionar os personagens alvos de estimação cega, votando em novos representantes a cada eleição, de vereador a presidente da República, atenta à vida pregressa deles, acabando com a perpetuação no poder, fonte de todos os desvios e abusos. Os partidos políticos precisam ser cobrados quanto ao controle dos
candidatos que elegem, sobre o fim do loteamento da máquina pública, das emendas parlamentares, de privilégios e mordomias no Executivo, Legislativo e Judiciário. Esta é a democracia radical, tão necessária à inclusão da população no banquete, hoje servido aos políticos.

*Fátima Vilanova

Doutora em Sociologia, autora do livro: Está tudo
errado… (Disponível na Amazon).

*Acompanhe o programa “Democracia Radical”, apresentado por mim e José Maria Philomeno Gomes, diariamente, ao vivo às 11 horas, no YouTube, nos
perfis: @fatimavilanova, @josemariaphilomeno