“E o poder público parece não ter mais a menor chance de reação contra o avassalador aumento do império promovido pelos criminosos”, aponta o jornalista Fábio Tajra
Confira:
Aquele papel de monitorar as áreas comuns, que deveria ser desenvolvido pelas estruturas de segurança pública, cada vez mais passa a ser condenado pelo crime. Um fato que pode ser facilmente percebido quando se percorre os bairros da cidade.
Existem horários para entrar e sair das comunidades, inclusive esta “lei” serve para trabalhadores que muitas vezes não possuem nenhuma ligação com os administradores do poder paralelo.
A logística monitorada pela massa criminosa envolve inclusive mapeamento das áreas, fato que impede o livre trânsito entre os diversos setores localizados.
Cidadão que vive num determinado lado de um bairro não pode passar para uma outra área e ponto.
Estes fatos, incontestáveis, interferem diretamente na condução dos serviços públicos essenciais como saúde, educação, moradia e outros.
As facções criminosas definem diretamente quem vai ser atendido nos postos de saúde, quem poderá matricular filhos nas escolas públicas, quem vai receber apartamentos, ou seja, o crime comanda, organiza, direciona, prende, solta e julga.
O crime tem seus métodos de julgamento, suas normas e tribunais, que geralmente não oferecem aos acusados direito de defesa.
Uma verdadeira arquitetura funcional que rege o Estado, com mais precisão em Fortaleza, uma engrenagem tática e que cada vez mais torna-se inabalável.
E o poder público parece não ter mais a menor chance de reação contra o avassalador aumento do império promovido pelos criminosos.
Outro grande gargalo que as estruturas de polícia enfrentam de forma desigual, refere-se a disputa por espaço, as brigas pelo domínio de áreas pelo controle comercial dos bairros, experiências comprovadas diariamente e que já levaram a óbito muitas pessoas inocentes.
É triste admitir as convicções citadas acima, constatar a lamentável realidade impactante vivenciada pelo povo que vive no Ceará e com mais ênfase na cidade de Fortaleza.
É preciso estabelecer um somatório de forças (Governo Federal, Governo Estadual e Municípios) de forma organizada e tendo como meta o escalonamento de ações e composição de espaços públicos ocupando os mesmos com repressão e com o oferecimento de serviços públicos coletivos e eficazes.
Fábio Tajra é jornalista e especialista em políticas públicas municipais