“A gente precisa sempre, de sua poesia, de sua musicalidade; elas nos dão ânimo e funcionam como bálsamo, pra nos dar força e nos animar”, aponta o professor João Teles
Confira:
Já que está todo mundo homenageando o poeta sobralense, lá vai a minha modesta missiva, de aplauso ao velho/novo bardo:
“Meu ídolo maior, Belchior, saudações coreauenses. Sua ‘Coração Selvagem’, pede: “Meu bem, guarde uma frase pra mim/Dentro da sua canção.’ Imagine nós, pobres mortais, que vivemos tão carentes de boas amizades e de conversas amenas e poéticas. As camaradagens estão cada vez mais escassas. Quando você pede: ‘Esconda um beijo pra mim/Sob as dobras do blusão’, a gente percebe que até a roupa (desse tipo) nos falta, meu caro; Lembrando Noel Rosa, “com que roupa eu vou” viver nesse mundo, cada vez mais duro e cuja tecnologia, tem nos afastado tanto. Tá brabo, viu?
No bar, está até difícil dizer que: ‘Eu quero um gole de cerveja/No seu copo/No seu colo e nesse bar’. Será que hoje, isso seria permitido? Está tudo tão cafona, cheio de regras politicamente corretas e de ajustes político-ideológicos.
A gente também ‘tem pressa de viver’, mas a locomotiva do tempo, não anda. Vive emperrada, com a gente lutando contra um Golias, todo dia. É difícil. Por isso, a gente precisa sempre, de sua poesia, de sua musicalidade; elas nos dão ânimo e funcionam como bálsamo, pra nos dar força e nos animar!
Sem poesia, fica mais complicado viver; a vida tem fases amargas, desenxabidas e… fica difícil tocar o barco, sem umas trovinhas. Daí a necessidade dos seus versos.
Enquanto a saudade bate, a gente vai ouvindo música e cantarolando pelos cantos, praças e praias, pra ver se a gente aguenta o trampo!
Quando vou a Coreaú e vejo seus familiares, sinto mais saudade ainda; aí, não tem outro jeito. É ligar o rádio e deixar perto de mim, para escutar um, duas, três canções… Só assim a gente vai suportando essa vontade de ouvir logo, um LP todo. A música, enquanto poesia, nos ajuda a interpretar a vida e a compreender que tudo sem poesia, música e arte, é muito mais árido e incompreensível.
Não é fácil aguentar certos momentos e esse tempo sem boas ideias e onde a maldade cavalga, com tanta desenvoltura. Por isso a gente precisa da cultura, para nos fazer mais fortes. Pra nos animar mais um pouco…
João Teles de Aguiar é professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura