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“Por mais mulheres na política”

Liliane Araújo é vice-presidente do PT de Fortaleza. Foto: Divulgação

Com o título “Por mais mulheres na política”, eis artigo de Liliane Araújo, advogada, professora, socióloga, vice-presidente do PT Fortaleza e pré-candidata a vereadora. “Dentre os pré-candidatos, não há mulher… Mas há algum negro? Há algum pertencente à comunidade LGBTQIA+? Há algum representante de comunidades tradicionais? Pode-se continuar perguntando sobre representações importantíssimas para a construção de uma política democrática efetiva, mas as respostas continuam sendo: “não”. A disputa eleitoral em Fortaleza só terá homens brancos, ricos e heteronormativos.”, expõe a articulista.

Confira:

“A representatividade constrói Fortalezas”

Propor políticas de valorização da mulher, promover o equilíbrio de oportunidades entre homens e mulheres nas unidades administrativas e judiciárias, incentivar a participação de mulheres nos cargos de chefia e assessoramento, desenvolver ações preventivas contra o assédio, violência ou descriminação de mulheres e promover ações de educação e conscientização sobre o tema da igualdade de gênero. Estes são os objetivos do Programa de Incentivo à Participação Institucional Feminina, lançado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, em janeiro de 2022. Mesmo assim, a capital do Ceará possui, até o momento, cinco nomes de pré-candidatos à prefeitura. Nenhum deles é feminino.

O que não é exatamente novo na história da política fortalezense. Caso o cenário se concretize, será a quarta eleição da prefeitura desde a redemocratização em que as fortalezenses não verão suas questões de gênero projetadas em qualquer uma das opções disponíveis nas urnas eletrônicas.

Podemos ir até um pouco além na questão participativa. Dentre os pré-candidatos, não há mulher… Mas há algum negro? Há algum pertencente à comunidade LGBTQIA+? Há algum representante de comunidades tradicionais? Pode-se continuar perguntando sobre representações importantíssimas para a construção de uma política democrática efetiva, mas as respostas continuam sendo: “não”. A disputa eleitoral em Fortaleza só terá homens brancos, ricos e heteronormativos.

Pelo Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, havia duas pré-candidaturas femininas para a Prefeitura de Fortaleza: a de Luizianne Lins e a de Larissa Gaspar. Ambas sem apoio de correntes petistas. Para completar, Larissa – que defende a pauta feminista – resolveu, no Encontro Municipal do dia 21 de abril, retirar seu nome da disputa para apoiar o de Evandro Leitão.

Desde 1985, além dos três anos sem candidaturas femininas (1988, 1992 e 2012), tivemos quatro anos com apenas uma mulher candidata (1996, 2000, 2004, 2016 e 2020). As ações recentes de incentivo à participação feminina na política são emergentes porque este é um assunto urgente. As prévias de candidaturas que se consolidaram em 2024 provam isso, tendo apenas uma mulher a cada cinco pré-candidatos nas capitais. Fora isso, apenas 11 das 26 capitais do Brasil já foram governadas por mulheres.

Voltamos à questão dos incentivos eleitorais. Adiantam de algo se não são levados a sério? O que se percebe é certa indiferença quanto a isso. Então, recai sobre as mulheres a missão de ocupar todos os espaços possíveis para serem vistas, lembradas e respeitadas.

Sobra para os partidos a tentativa de inibir esse cenário com representações em seus vice-candidatos. Não precisa de muito esforço para apostar que muitos dos candidatos ao Paço Municipal terão mulheres como vices. Para eles, é nessa posição que elas devem estar – se pensam que devem. Fica para a sociedade o objetivo de eleger os melhores e mais diversos nomes para a Câmara Municipal dos Vereadores. Há, inclusive, muitos nomes femininos nessa disputa.

É importante resgatar nossa história. Junto com São Luís (MA), fomos a primeira capital do país a eleger uma mulher prefeita, em 1985. Somos uma das quatro capitais que já tiveram mais de uma prefeita. Podemos continuar sendo exemplos de inovação e progresso. Mas, para isso, precisamos agir no agora, articular nossas forças e mostrar que lutamos por uma democracia efetiva, e esta não se faz sem representatividade. É assim que vamos construir nossa Fortaleza.

*Liliane Araújo

Advogada, professora, socióloga, vice-presidente do PT Fortaleza e pré-candidata a vereadora.

 

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