Com o título “Por uma educação com ética”, eis artigo de Irapuan Diniz de Aguiar, advogado e professor. “No atual cenário, o que cumpre questionar é: de que adianta formar uma pessoa, graduá-la, pós graduá-la, conferir-lhe o título de doutor ou pós-doutorado, se a ela não forem dados os valores éticos, morais e da consolidação da base familiar e cristã?”, expõe o articulista.
Confira:
No Brasil de hoje torna-se imperativo o resgate de conteúdos que estão ausentes das escolas. Infelizmente, o país insiste em entender a educação apenas como ensino. Ela é muito mais do que isto: é ensino e formação. O ensino oferece os conteúdos teóricos e práticos, a doutrina e a profissionalização. Contudo é a formação que dá cidadania, através dos conteúdos éticos, morais, de família, de pátria e de crença religiosa. Daí termos bons profissionais, porém poucos cidadãos. Em função disso, é que a maioria dos casos de corrupção resulta dos desvios de conduta.
Não tem analfabetos à frente dos grandes escândalos. Então, o problema está na raiz educacional, que há de ser atacada sem mais demora. Dois elos fazem a grande diferença na humanidade: o ser e o ter. Se a pessoa busca ser, o ter virá como consequência. Por outro lado, se a pessoa elege o ter como seu Deus, dificilmente será. Há, pois uma urgente necessidade de se consagrar outros valores, novos conteúdos, dentro do modelo educacional brasileiro.
Negar que houve alguns avanços, no entanto, seria ser sectário. Existiu, na verdade, melhorias no processo. Mas as reformulações têm sido lentas para um país que pretende ser uma das maiores economias do mundo. Nos últimos anos houve um incremento maior de escolas de formação profissionalizante, se bem que muito aquém do desejável. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB traçou leis políticas de longa duração porque a educação não pode ser feita de improviso. Uma outra inovação que impõe a sociedade sobre ela melhor refletir diz respeito a introdução de cotas nas Universidades. Sem um maior aprofundamento acredito, até o momento, que só deve existir uma cota: a do conhecimento e do preparo intelectual. Este é o princípio e que os despossuídos possam obter o mesmo conhecimento que os outros obtêm. Assim, a competência é o princípio, mas dando atenção àqueles que precisam de emprego, de renda, de dignidade de vida. Competência, mas não em razão de sexo, de cor, etc.
No atual cenário, o que cumpre questionar é: de que adianta formar uma pessoa, graduá-la, pós graduá-la, conferir-lhe o título de doutor ou pós-doutorado, se a ela não forem dados os valores éticos, morais e da
consolidação da base familiar e cristã? É indispensável, dessa forma, repensar a educação já que a raiz dos problemas nacionais ali residem. Ou paramos para discutir o que fazer em termos de educação no país ou viveremos um eterno círculo vicioso: os problemas acontecendo e se multiplicando e as soluções não sendo enxergadas num horizonte próximo.
O que se tem assistido são propostas, muitas das quais em vias de desaguar no Congresso Nacional, envolvendo ideologia de gênero, desagregação familiar e outras nessa direção, na contramão dos valores cultivados pela família brasileira.
*Irapuan Diniz de Aguiar
Advogado e professor.