“É preciso eleger em 2026 representantes que se comprometam em acabar a farra existente no Brasil”, aponta a socióloga Fátima Vilanova
Confira:
Coisa bonita é povo na rua. Lutando contra os desmandos de políticos. Emociona. Nos faz ter esperança de que o Brasil pode avançar, de que nem tudo está perdido. Triste foi ver brasileiros em 8 de janeiro de 2023, invadindo as sedes dos Três Poderes, quebrando, destruindo, depois de assumir um presidente legitimamente eleito. Eles queriam destruir a democracia, fazer o ex-presidente se eternizar no poder, para exorbitar nele, colocando-se acima das leis, como queriam seus apoiadores no Congresso Nacional com a PEC da blindagem, ou da bandidagem. Venceu a pressão das ruas, de 21 de setembro de 2025. A manifestação foi belíssima, no Brasil inteiro, condenando a PEC da Bandidagem, que, pela pressão popular, foi arquivada. Esperamos que o projeto da anistia tenha o mesmo fim.
A sociedade precisa acreditar na força do povo na rua para controlar os desmandos dos políticos. Nada é mais nocivo para a democracia que ter político de estimação. Um político fez algo importante, palmas para ele, seja ele quem for. Abusou do poder, concedendo a si mesmos, por exemplo, auxílio-saúde, como fizeram deputados do Ceará, acompanhando o privilégio criminoso existente em outros estados, fora com todos eles nas próximas eleições.
É preciso eleger em 2026 representantes que se comprometam em acabar a farra, existente no Brasil, da reserva de privilégio para os amigos dos detentores de poder. Extinguir as Capitanias Hereditárias presentes na política será a verdadeira proclamação da República. As escolhas políticas para compor as Cortes Superiores, os Tribunais de Contas, o STF, todos indicados por serem amigos do rei, numa inversão completa de valores, precisa acabar. O Poder requer ser fiscalizado, controlado por instituições livres do apadrinhamento político.
Políticos não podem integrar as instituições de controle. O acesso a elas, somente mediante concurso público de provas e títulos. Muitos poderão dizer: Ah, isso não existe em lugar nenhum do mundo… É verdade, porém, precisa existir, e a sociedade ocupar as ruas, exigindo que a promiscuidade da reserva de poder, que ocorre no Brasil, tenha fim. É isto, ou temo que a democracia venha a sucumbir, alçando ao poder personagens autoritários, como já vem acontecendo mundo a fora, com a ascensão da extrema direita. Nada mudará na política brasileira, trocando José por Maria, José por Antônio. Tem que mudar a política por dentro.
Ser claque de político é atestado de indigência política. Defender o status quo, só interessa aos políticos viciados no poder, para se eternizarem nele. A sociedade não pode ser mera expectadora da lambança, dos vícios, abusos, corrupção, mas tomar uma atitude para mudar o que precisa ser mudado. Nas ruas. No Brasil inteiro. Cobrando o apoio de todos os partidos políticos para as mudanças necessárias. Vai emocionar, encher de esperança os desesperançados, que só pagam impostos, e pouco ou quase nada recebem em troca. E viva a política digna do nome e do povo brasileiro.
Fátima Vilanova é Doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e autora do livro: “Está tudo errado…” (Disponível na Amazon).Você pode me acompanhar no YouTube, no programa Democracia Radical, nos perfis: @fatimavilanova, @josemariaphilomeno