Os presidentes da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e da Câmara Municipal de Fortaleza, deputado Romeu Aldigueri (PDT) e vereador Leo Couto (PSB), respectivamente, iniciam seus mandatos à frente de suas mesas diretoras com a incômoda pressão de parlamentares e da sociedade para “cortarem na própria carne”.
Enquanto a Alece vive um clima de “suspeição”, após denúncia do Ministério Público sobre um parlamentar, que não teve o nome divulgado, que estaria empregando servidores fantasmas em seu gabinete, como forma de pagar dívida com agiota, o Legislativo de Fortaleza é cobrado pelos maus tratos do vereador Inspetor Alberto (PL) contra um animal, durante a última campanha eleitoral.
Sobre a denúncia contra um deputado, Aldigueri disse que irá procurar o Ministério Público, na próxima semana, logo após tomar posse do mandato de presidente, no sábado (1°), quando seria o desejo dos próprios parlamentares para o esclarecimento da denúncia. Aldigueri afirmou ainda que não foi procurado por nenhum representante do Ministério Público, tampouco o atual presidente Fernando Santana (PT), que encerra o mandato do então presidente Evandro Leitão (PT), que renunciou o cargo para assumir a Prefeitura de Fortaleza.
“Desgraçado e seu b#sta”
Já a Câmara Municipal terá que tratar do caso do vereador Inspetor Alberto, que viralizou nas redes sociais, em outubro último, por maus tratos contra um porco. No vídeo, o parlamentar reeleito semanas antes puxa o animal pelas orelhas e usa os termos “desgraçado” e “seu b#sta”. O animal se debate e solta grunhidos de dor e medo. O vereador do PL foi multado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e denunciado pelo deputado federal Célio Studart (PSD-CE) e pelo deputado estadual em exercício e vereador eleito Apollo Vicz (PSD), ambos defensores da causa animal.
Identidade do Parlamento
O presidente da Câmara Municipal iniciou o mandato no começo do ano, mas o período legislativo será aberto somente na próxima semana. Neste mês, a Câmara teve convocação extraordinária para a derrubada da Taxa de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos (TMRSU), a Taxa do Lixo. A votação resolveu uma demanda da população, mas trouxe um problema de identidade para o Parlamento, quando oito vereadores que integravam a base de apoio do então prefeito Sarto, mudaram o voto agora como base do prefeito Evandro.
A mesma perca de identidade deverá ocorrer na votação do veto do prefeito Evandro do projeto de lei que flexibilizava as regras de ocupação urbana de uma área verde de 11,4 hectares, localizada no Parque do Cocó. Vereadores da atual base do prefeito votaram a favor do projeto, inclusive o autor da proposta, Luciano Girão (PDT).
Cortar na carne
A expressão é empregada em empresas, quando implica em demissões e corte de gastos, diante de um cenário de dificuldades econômicas. O termo foi adaptado à política em “cortar na própria carne”, quando se faz necessário punir os próprios pares ou reduzir gastos na administração pública, diante do fim de regalias na gestão.