O professor Gabriel Nuto Nóbrega, do Departamento de Ciências do Solo e do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo do Centro de Ciências Agrárias (CCA), da Universidade Federal do Ceará, é um dos coautores de artigo publicado no respeitado periódico científico Nature Communications. Intitulado “The inclusion of Amazon mangroves in Brazil’s REDD+ program” (https://www.nature.com/articles/s41467-024-45459-w), o artigo trata da inclusão dos manguezais da Amazônia no programa de REDD+ (sigla em inglês de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) no Brasil.
O trabalho, que, segundo a Agência UFC, possui financiamento da National Geographic, lança “luz ao papel crucial dos ecossistemas de manguezais na mitigação das mudanças climáticas e na promoção das práticas sustentáveis do uso da terra, destacando os grandes estoques de carbono contidos naqueles manguezais e os benefícios potenciais de preservar esses ecossistemas vitais na região da Amazônia Legal”, segundo informa o professor Gabriel Nóbrega.
A pesquisa na qual se baseia o artigo tem a coordenação do professor Angelo Bernardino, da Universidade Federal do Espírito Santos (UFES), em parceria com pesquisadores de diversas universidades do Brasil (entre elas a UFC) e do exterior (Austrália e EUA). O grupo procedeu a um inventário de mais de 190 parcelas florestais nos manguezais da Amazônia (ao norte e oeste da foz do rio Amazonas).
Estoque de carbono
De acordo com Gabriel Nóbrega, o estudo se constitui em “um dos maiores levantamentos de estoque de carbono (C) dos manguezais da Amazônia, identificando como a mudança de uso da terra pode resultar na emissão de grande quantidade de C para a atmosfera”.
A partir do trabalho, Gabriel explica que foram quantificados os estoques totais de carbono na ordem de 468 ± 67 Megagramas (Mg) ha−1. Esses índices, de difícil compreensão para leigos, significam “ser mais altos do que os biomas terrestres atualmente incluídos nos programas de financiamento de compensação de carbono do Brasil. A conversão dos manguezais resulta em emissões potenciais de 1.228 MgCO2e ha−1, que são três vezes maiores do que as emissões de uso da terra decorrentes da conversão da floresta amazônica”.
Ele acrescenta que o estudo fornece a base para a inclusão dos manguezais na Contribuição Nacionalmente Determinada (CND) do Brasil e que deter a perda de manguezais na Amazônia poderia potencialmente gerar quase 12 milhões de toneladas em crédito de carbono em um intervalo de 10 anos.
“Nossos estudos sugerem que, ao evitar a perda de um hectare de manguezal amazônico, chegamos a proteger o equivalente a mais de 100 hectares de florestas secundárias de terras altas. Por outro lado, evitar o desmatamento de manguezais do Norte do Brasil evita as emissões equivalentes àquelas emitidas por mais de 200 mil carros movidos a gasolina todos os anos”, destaca o professor Gabriel.
Passada essa fase de estudos na Amazônia, os pesquisadores colaboradores agora estão quantificando os estoques de carbono de manguezais ao longo de toda a costa brasileira. “Nestes estudos, estamos identificando e confirmando padrões nos processos dos solos desses ambientes responsáveis por controlar a dinâmica e o acúmulo de carbono que auxiliarão nas estratégias para conservação e recuperação dos manguezais”, adianta ele.
SERVIÇO
*Leia mais sobre a pesquisa no site da National Geographic aqui.