Nesta sexta-feira, a partir das 19 horas, as professoras Beatriz Diógenes, Márcia Cavalcante e Tania Vasconcelos, do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design (IAUD) da Universidade Federal do Ceará, vão lançar o livro “Interiores da Arquitetura em Fortaleza – da origem à profissionalização – 1950-2000”. O lançamento faz parte da programação da Casa Cor Ceará 2025, mostra de arquitetura e design de interiores.
A publicação marca o encerramento de uma pesquisa acadêmica desenvolvida entre 2020 e 2025 no âmbito do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC. A investigação preenche uma lacuna ao reunir, pela primeira vez, dados, imagens e depoimentos sobre a atuação dos principais agentes e acontecimentos que moldaram a profissão em Fortaleza ao longo de cinco décadas.
A obra investiga as origens da atividade, identifica seus precursores e personagens de destaque, analisa suas transformações ao longo do tempo, destaca projetos emblemáticos e compreende o crescente envolvimento dos decoradores, designers e arquitetos na elaboração de interiores na capital cearense.
De acordo com as autoras, o termo “Arquitetura de Interiores” só se consolidou em Fortaleza a partir dos anos 1970 e 1980, como um mercado profissional sólido. Vale ressaltar, entretanto, que práticas precursoras surgiram ainda nos anos 1950, inicialmente com decoradores autodidatas, artistas plásticos e figuras pioneiras como Burton Davis, Flávio Phebo e Arialdo Pinho, que lançaram as bases do campo profissional local.
A pesquisa reuniu fontes diversas — publicações históricas, acervos fotográficos, estudos de referência e entrevistas com profissionais e clientes —, resultando em uma narrativa inédita. A partir dessas fontes, as autoras traçam uma linha do tempo detalhada, com marcos que vão desde a Belle Époque fortalezense e a chegada do modernismo até a consolidação da arquitetura de interiores como campo profissional autônomo e criativo, com identidade própria.
Além de apresentar personagens e contextos históricos, o livro percorre ambientes que marcaram gerações e contribuíram para a formação de uma estética própria na cidade. Entre eles, estão residências icônicas como a Casa Leonel Jucá, projetada na década de 1950 pelo arquiteto e pastor Burton Davis — atual sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) —, e os interiores da residência de Jean Jereissati, concebida por Arialdo Pinho, com linhas modernas e mobiliário autoral.
Também figuram espaços públicos e edifícios modernistas de grande relevância, como o Edifício e Cine São Luiz, inaugurado em 1958 com espaços internos em estilo Art Déco; a sede do Ministério da Fazenda, projeto de Acácio Gil Borsoi, com interiores de Janete Costa.
O livro também valoriza o protagonismo de mulheres que atuaram decisivamente no campo da decoração e da arte em Fortaleza. Nomes como Ignez Fiuza, Heloísa e Regina Juaçaba foram fundamentais para difundir novos olhares estéticos e consolidar práticas que, com o tempo, se tornaram referência para arquitetos e designers de interiores.
SERVIÇO
*Casa Cor Ceará – Rua Tibúrcio Cavalcante, 607 – Meireles, Fortaleza.
