“Manejando com habilidade e criatividade a linguagem coloquial e com percepção renovada das coisas e dos afetos, Paulo Fraga-Queiroz estreia com uma poesia dotada daquele frescor imaginado por Robert Frost, segundo o qual ‘poetry is a fresh look and a fresh listen’”.
Adriano Espínola, poeta membro da Academia Carioca de Letras, no posfácio de “Pássaros de giz”
Dizem que, ao se reconhecer poeta, é melhor não lançar livro quando jovem, sob pena de se arrepender mais tarde. Mas o que dizer dos poetas que estreiam na maturidade?
“Pássaros de giz” (Ed. 7Letras) é o primeiro livro de Paulo Fraga-Queiroz, publicitário de longa carreira, reconhecido e premiado no Brasil e exterior. Natural do Ceará, forjado com o sol e da energia do sertão de Quixadá, onde nasceram seus pais, sempre se manteve próximo da literatura e da música, lendo, escrevendo e colaborando para letras de canções de artistas como Eudes Fraga, Felipe Fraga, Marcos Quinan, Joãozinho Gomes, Paulo Façanha e João Marinho.
Fruto de décadas de dedicação e de uma curadoria criteriosa, este livro revela-se como uma obra belíssima e multifacetada, oferecendo um panorama dos universos que habitam a mente de seu autor. Em junho o caderno Vida & Arte do Grupo O POVO, realizará, no próximo dia 10, ás 19 horas, o lançamento, na Praça do MIS – Museu da Imagem e do Som do Ceará. “Pássaros de giz” se divide em três partes. Na primeira delas, “O mar por perto”, as poesias falam da cidade onde Paulo Fraga-Queiroz nasceu e mora (Fortaleza), da casa e da infância.
sol negro
I
nem bem o dia amanhece
e um sol negro aquece toda a casa
II
o líquido cai fumegando
sem queimar palavra
uma lufada de frutas amarelas e notas de chocolate
parece mandar embora todo o oxigênio do mundo
respiro profundamente
o abraço de minha mãe
III
assim começa o incêndio do meu dia
Na segunda, o autor dialoga com poetas como Manoel de Barros, Adélia Prado, Camões, Fernando Pessoa, para versar sobre o fazer poético.
epifania
tem um poema ali
encostado num canto
nem parece meu
ele que se escreveu
Na terceira e última parte, o autor exercita, em versos curtos, sua fina ironia e humor ao praticar composições que lembram a poesia neoconcreta, a marginal, e os haicais.
línguas
tanto penso e sinto
entre palavra e silêncio
esse labirinto
“Pássaros de giz” é a estreia mais que honrada de um poeta maduro, que aguardou o tempo correto para publicar a obra de uma vida, e que é apenas o início de muito mais que vem por aí.
Paulo Fraga-Queiroz é publicitário, diretor-criativo da única agência do Ceará entre as brasileiras premiadas na história do Art Directors/NY. Viaja o Brasil realizando campanhas e trabalhos de consultoria de imagem para empresas. Atualmente, divide seu tempo em entre paixões que se complementam: comunicação, arte, design e cinema, além de literatura. Também já participou de festivais de música, tendo conquistado prêmios de melhor letra. É pai de dois meninos e de duas meninas. É avô da Liz. Nasceu em Fortaleza, em 1968. Sua família vem do coração do sertão cearense: Quixadá. Cursou letras na Uece.