“Pra não tirar a animação do menino, não perguntei quem é Rafinha, porque de fato não faço a menor ideia de quem seja. Mas fico de queixo caído ao saber que estão usando, em 2025, da violência pra promover o clássico”, aponta o jornalista e sociólogo Demétrio Andrade
Confira:
Chego pro meu filho agora na tarde do feriado e pergunto: tem algum jogo bom hoje? E ele fala: Argentina x Brasil. Pergunto: que horas? Ele responde: nove da noite. Retruco que estarei dormindo. Faz anos que só assisto jogo da seleção em época de Copa pela muvuca e pelo feriado. No time atual me dizem que a solução é a volta do Neymar, dublê de ex-jogador e digital influencer.
Ele então passa a informação que o “Rafinha” disse que “vai dar porrada no jogo” e que os hermanos responderam com um post de um vídeo com o Otamendi metendo a chibata no coitado. De passagem, me informou que o último gol marcado pelo Brasil em terras platinas foi do glorioso (pela ausência) Lucas Lima, em 2019. Dureza.
Pra não tirar a animação do menino, não perguntei quem é Rafinha, porque de fato não faço a menor ideia de quem seja. Mas fico de queixo caído ao saber que estão usando, em 2025, da violência pra promover o clássico.
Num arroubo saudosista tóxico e injustificável, lembro que quando tinha a idade dele, ninguém precisava propagar que o pau ia cantar no maior clássico sul-americano: era tipo dizer que tinha seca no sertão ou que o mar quebrava na praia.
Aliás, com times hoje que são verdadeiras seleções, notadamente na Europa, essa coisa de país versus país perdeu muito o sentido (no meu Fortaleza tem argentino, chileno, venezuelano e até cearense). Parabéns aos que vão ficar acordados. Parafraseando Marilyn Monroe, que respondeu “Channel no. 5”, quando lhe perguntaram o que ela usava para dormir, estarei entre lençóis banhado com lavanda inglesa.
*Demétrio Andrade
Jornalista e sociólogo.
Uma resposta
Bom argumento.