“Qualidade de vida X Ditadura da performance” – Por Luiz Henrique Campos

Hora de investir em saúde. Sem excessos. Foto: Reprodução

Com o título “Qualidade de vida X Ditadura da performance”, eis a coluna “Fora das 4 Linhas”, assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos. “As mortes recentes são alertas dolorosos, mas necessários. Elas reforçam que o exercício deve ser caminho para viver melhor, não para correr riscos desnecessários.”, expõe o colunista.

Confira:

As mortes recentes registradas em academias no Ceará, envolvendo pessoas que sofreram mal súbito durante treinos, deveriam servir como freio de reflexão em um país cada vez mais seduzido pelo discurso da vida saudável. É inegável que o estilo de vida voltado para o bem-estar ganhou o Brasil e isso é positivo. Nunca se falou tanto em saúde, alimentação equilibrada e exercício físico. O Ceará, inclusive, acompanha essa tendência, pois o número de praticantes cresce, academias se expandem e as ruas se enchem de corredores e ciclistas.

Os dados nacionais confirmam esse movimento. Pesquisas mostram que melhorar a qualidade de vida é o principal motivo que leva brasileiros a iniciarem alguma atividade física. Mas é justamente aí que surge a distorção preocupante. Uma coisa é buscar mais saúde por meio de exercícios; outra, muito diferente, é cair na armadilha da performance a qualquer custo, essa espécie de “ditadura” moderna que transforma o cuidado pessoal em competição permanente.

Quando vidas se perdem dentro de ambientes que deveriam promover saúde, algo está errado. Não podemos tratar essas tragédias como fatalidades isoladas. Elas expõem uma cultura que muitas vezes empurra pessoas a ultrapassar limites sem preparo adequado, sem avaliação médica, sem orientação profissional consistente. E, do lado das academias, impõem a responsabilidade por protocolos mais rígidos, equipes treinadas e estruturas que ofereçam real segurança.

O Ceará, que se destaca positivamente pela adesão crescente ao exercício, precisa aproveitar esse momento para ajustar o debate. Incentivar a prática, sim. Mas sem glamourizar intensidade, sem transformar cada treino em prova de resistência, sem confundir saúde com alto rendimento. Qualidade de vida não se mede em métricas de esforço que desconsideram idade, condição física ou histórico clínico.

As mortes recentes são alertas dolorosos, mas necessários. Elas reforçam que o exercício deve ser caminho para viver melhor, não para correr riscos desnecessários. É hora de reafirmar o essencial: atividade física é saúde, mas só quando praticada com equilíbrio, consciência e responsabilidade.

*Luiz Henrique Campos

Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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