“Imagine a pressão social associada às festas de fim de ano, que exigem gastos de pessoas que já enfrentam dificuldades financeiras”, aponta o psicólogo Antonio Souza
Confira:
Dezembro é sempre marcado por um misto de sentimentos. Para muitos, é o momento mais aguardado do ano, repleto de confraternizações, encontros e um senso de renovação. Mas, para outros, é uma época carregada de estresse e ansiedade, fruto de um ano que cobra seu preço no corpo e na mente. O cansaço acumulado ao longo dos meses é, talvez, o maior vilão dessa temporada. Passamos o ano nos dedicando ao trabalho, aos estudos e às diversas demandas do dia a dia, muitas vezes negligenciando momentos de repouso. Quando dezembro chega, o corpo já não responde da mesma forma diante da necessidade de entregar relatórios, concluir metas e resolver pendências acumuladas. Os minutos passam a valer ouro.
Agora, imagine a pressão social associada às festas de fim de ano, que exigem gastos de pessoas que já enfrentam dificuldades financeiras. O que deveriam ser momentos de celebração e união frequentemente se tornam fontes de ansiedade. Para algumas pessoas, esses eventos podem ser verdadeiros gatilhos. Além disso, o planejamento inacabado ao longo do ano surge como uma sombra. Metas estabelecidas no início do ano e que ficaram pelo caminho podem gerar uma sensação de fracasso. O balanço do ano vivido, algo quase inevitável nesse período, intensifica essas emoções. Enquanto algumas pessoas se preparam para o novo ano com otimismo, outras carregam um fardo que parece maior do que podem suportar.
Períodos de transição e alta carga emocional, como o fim de ano, ativam respostas fisiológicas de estresse. O cérebro, diante de tantas demandas simultâneas, libera hormônios como o cortisol, preparando o corpo para lidar com os desafios. Porém, em excesso, isso resulta em sintomas como cansaço extremo, irritabilidade, insônia e dificuldade de concentração. Dezembro, então, se torna o palco para a corrida final, em que muitas pessoas se sentem pressionadas a provar que o ano valeu a pena, frequentemente ignorando os próprios limites.
Rever prioridades e praticar o autocuidado são atitudes essenciais para lidar com o estresse do fim de ano. Permitir-se desacelerar e organizar as tarefas são passos importantes para encarar esse período com mais leveza. Além disso, é fundamental lembrar que nem tudo precisa ser resolvido antes do dia 31. O ano que se inicia oferece novas oportunidades, e não é necessário esgotar as energias na reta final.
Em síntese, o estresse de dezembro é um reflexo de como as pessoas viveram os meses anteriores. É um convite para repensar comportamentos e atitudes. Vale lembrar que a verdadeira celebração não está em metas concluídas ou eventos perfeitos, mas na capacidade de cuidar de si mesmo durante a jornada da vida.
Antonio Souza é psicólogo, mentor e palestrante