“Parece que a esfera política tem se tornado mais importante do que os aspectos esportivos, que, neste ano, têm decepcionado os apaixonados pelo Fortaleza”, aponta o consultor empresarial Ernesto Antunes
Confira:
Nesta semana, fui pego de surpresa com as declarações do atual senador e ex-presidente do Fortaleza, Eduardo Girão, afirmando que o Fortaleza Esporte Clube tem uma dívida estimada em 100 milhões de reais. Tal afirmação teve uma repercussão estrondosa na mídia e entre os aficionados pelo referido clube.
Acompanhando o desenrolar das notícias, logo foi publicado um relato do atual CEO do Fortaleza, responsável pela SAF, Marcelo Paz, rebatendo as declarações de Girão. Marcelo afirmou que é normal o endividamento de uma empresa, ressaltando que a instituição tem passivos controlados e condições de honrar seus compromissos, principalmente em relação à venda de jogadores.
Em seguida, nas mídias sociais, a vice-governadora do Estado, Jade Romero, entrou na disputa, declarando que o senador queria apenas aparecer, pois detinha apenas 1% das intenções de voto.
Todas essas declarações e fatos desencadearam, principalmente nas redes sociais e nos noticiários, comentários de toda espécie, alguns elogiando e outros atacando as falas dos envolvidos. Houve quem afirmasse que Marcelo Paz foi o maior presidente de todos os tempos, enquanto outros diziam que o mesmo Marcelo colocou o Fortaleza de hoje no fundo do poço e endividado. Outros, mais exaltados, diziam que o futebol do clube virou uma verdadeira arena política e afirmavam que a Sra. Jade Romero perdeu a oportunidade de ficar calada, pois, sendo representante do poder executivo estadual e, ainda, esposa de Marcelo, não deveria se envolver nesse entreveiro de dirigentes.
Reflexivo, no dia seguinte, algumas pessoas ligadas ao clube, como o ex-membro da SAF, o executivo Geraldo Luciano, afirmavam no Futebolês que o Marcelo Paz chegou aonde chegou, agradeça ao senador Eduardo Girão.
Analisando toda essa situação, fiquei chocado e decepcionado com o que ocorreu, principalmente com pessoas que têm grande identificação e legado com o clube. Parece que a esfera política tem se tornado mais importante do que os aspectos esportivos, que, neste ano, têm decepcionado os apaixonados pelo Fortaleza.
Lembro de outros exemplos de clubes que tentaram misturar esporte e política e que, no fim, não conseguiram ser eficazes nem em uma coisa nem em outra. O próprio prefeito Evandro Leitão, eterno opositor do Fortaleza, soltou uma nota elogiando e afirmando que Marcelo Paz foi o maior dirigente do futebol cearense. Vindo do ex-presidente do Ceará, entendo que, independentemente da veracidade, a declaração teve motivações meramente políticas, visto que a vice-governadora o apoiou fervorosamente em sua campanha.
Conversando com o líder e ex-presidente Ribamar Bezerra, companheiro do cooper vespertino, ele simplesmente afirmou que é preciso se aprofundar em determinados assuntos antes de proferir a sua opinião, afirmando apenas que, se o time cair para a 2ª divisão, muita coisa precisará ser mudada.
Passado o calor das discussões, dias depois, vários ex-presidentes e diretores do clube foram ao Pici prestar solidariedade ao CEO do Fortaleza, justamente na semana que antecede o jogo decisivo, que pode selar a queda, merecida ou não, do nosso Leão do Pici.
Que essas discussões passem, e que todos os envolvidos reflitam que o Fortaleza Esporte Clube é nosso e de sua torcida, independentemente de ideologia partidária.
Ernesto Antunes é administrador, consultor empresarial e escritor
Uma resposta
Perfeito Ernesto.
Não gosto de política no futebol.