Com o título “Quando os postes se acendem”, eis mais uma historia da lavra de Fabrício Moreira, advogado e contista. O mote agora envolve a sucessão estadual, Elmano, um poste, Ciro e as lanternas futuras.
Confira:
Era uma tarde de calor político quando a então prefeita de Fortaleza, Luiziane Lins, jogou gasolina na fogueira da sua sucessão municipal: anunciou que seu candidato seria alguém tão improvável que muitos o compararam a um poste.
Sim, um poste. A classe política tremeu, os analistas gargalharam e os eleitores franziram o cenho.
Luiziane, no entanto, não titubeou. Disse que ia com ele até o fim. E foi. Mas não conseguiu eleger seu sucessor.
O tempo, senhor de todas as ironias, tratou de dar o troco.
Aquele mesmo poste, Elmano de Freitas, subiu devagar, foi tomando corpo, conquistando espaços e, anos depois, acabou eleito Governador do Ceará. No primeiro turno.
Diante do espanto geral, acendeu-se uma nova máxima no vocabulário político: nenhuma eleição é igual à outra.
E Elmano, antes subestimado, hoje despacha do Palácio da Abolição como quem sempre soube chegar lá. A história sorriu de canto de boca e ele tem trabalhado muito.
Agora, com pouco mais de um ano para as próximas eleições estaduais, a campanha já está nas ruas.
Sinais de fumaça se misturam aos tapinhas nas costas.
A corrida mais acirrada parece ser para o Senado, onde há cerca de dez nomes disputando apenas duas vagas, todos olhando de esguelha para o que fará Cid Gomes, o líder de Sobral e dos sertões, que, dizem os bastidores, está pronto para voltar e, quem sabe, vencer de novo. Reeleição parece palavra cantada em cordel.
Mas eis que surge um novo terremoto político: Ciro Gomes, ex-governador, ex-ministro, eterno presidenciável, estaria se articulando com a direita para ser o nome da vez.
Isso mesmo. Ciro. Com a direita.
A notícia correu mais rápido do que boato em cidade pequena e sacudiu o Ceará, do Cariri aos Inhamuns, do Vale do Salgado à Zona Norte, sem nos esquecermos dos sertões centrais e os corredores da Capital.
Se essa aliança inusitada se confirmar, todos os postes do Ceará terão de acender suas luzes.
Porque, ao que tudo indica, a estrada de 2026 já começou e promete ser iluminada, disputada e cheia de curvas inesperadas.
E que o povo leve lanternas.
*Por Fabrício Moreira da Costa
Advogado e contista.