“Quem poderá vencer Ciro?” – Por Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é jornalista

“Não há um aceno lógico de uma descida de degrau de Camilo para um enfrentamento a Ciro Gomes”, aponta o jornalista Nicolau Araújo

Confira:

Pesquisas internas eclodem como o mato no campo, portas de gabinetes batem como em tempo de ventos fortes, a ansiedade paira como fumaça em incêndio florestal.

Afinal, quem poderá vencer Ciro Gomes em uma disputa ao Palácio da Abolição?

Apesar da candidatura natural do governador Elmano, Ciro mostrou na última eleição ao Governo do Ceará que nem sempre o mandatário de plantão detém a preferência. E o próprio Elmano é prova viva… digo, é prova eleita!

Ciro Gomes, subscrito por Roberto Cláudio, desmontou a candidatura à reeleição de Izolda Cela, em uma artimanha digna no relatório de Alexandre de Moraes sobre trama golpista.

E Elmano emergiu do grupo governista como o orador que confrontaria o gestor Roberto Cláudio e o gestor que faria frente ao orador Capitão Wagner. A estratégia se mostrou eficiente, diante de uma oratória ruim de Roberto Cláudio e de um inexperiente gestor Capitão Wagner.

Mas Ciro traz um histórico de debates em eleições presidenciais, além de ações à frente da Prefeitura de Fortaleza, do Governo do Estado, do Ministério da Fazenda e do Ministério da Integração Nacional.

Não seria justo com Elmano apontar uma derrota para Ciro em uma disputa à reeleição. Mas também é certo que as atribuições do governador na eleição de 2022 já não lhe servem como diferencial.

No caso de Elmano não ser o candidato, quem poderia disputar com Ciro?

O melhor dos mundos para o grupo governista seria Cid Gomes. A versão política de Kramer vs. Kramer, filme vencedor de cinco estatuetas do Oscar 1980, a princípio favoreceria o irmão mais novo, de quem Ciro foi secretário da Saúde. Pouco resultaria para Ciro Gomes falar bastante água… a água que nunca pingou no Acquário.

Uma candidatura Cid Gomes ao Palácio da Abolição, por certo respaldaria a chapa governista ao Senado, com Elmano e Junior Mano, esse último bancado pelo próprio Cid. E isso seria muita água no moinho de Ciro contra o irmão.

Mas Cid não toparia enfrentar o irmão, assim como permanecerá em cima do muro se de fato Ciro Gomes disputar o Governo do Ceará. Nas duas situações – a recusa da disputa e a permanência no muro -, Cid teme ser assombrado por Seu Euclides e Dona Mazé, que nunca aceitariam uma disputa entre os seus filhos, principalmente quando Ivo sequer teve a chance de concorrer a governador, um sonho só de Dona Mazé.

Há quem vislumbre uma fácil vitória de Camilo Santana sobre Ciro Gomes. Amadurecido e muitas vezes confundido com o poder, diante de suas fáceis vitórias no segundo mandato de governador e mais recente de senador, Camilo ainda possui alguns sustos, vez em quando e cada vez mais distantes, de sua eleição contra Eunício Oliveira. A eleição de 2014 se deu por méritos do grupo governista (Ciro e Cid à frente), mas também por um inexplicável espírito derrotista de Eunício.

Talvez pela dificuldade em 2014, Camilo Santana adotou a primeira postura proposta por Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) a um governante: “É melhor ser temido do que amado, se não se pode ser ambos”.

E Camilo passou a acumular poder e a colecionar aliados, incluindo Eunício Oliveira.

Senador da República e ministro da Educação, Camilo chegou aonde poucos alcançaram na política pelo Brasil.

Em sua estratégia de sucesso, não há um aceno lógico de uma descida de degrau de Camilo para um enfrentamento a Ciro Gomes, mesmo que isso resulte em uma mudança de comando no Palácio da Abolição, pois a envergadura nacional do senador/ministro por certo submeteria o então eleito governador.

Mas Ciro não se encontra em uma zona de conforto, pois há um perigoso adversário que já o derrotou algumas vezes: Ciro Gomes!

Difícil enquadrá-lo em um perfil do politicamente correto. Que o diga o papel da mulher no governo, do preto “capitãozinho do mato” e do viado cheio de porrada…

*Nicolau Araújo

Jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido

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