“De perfil sereno e aberto ao diálogo, sempre foi respeitado por formadores de opinião e pela sociedade civil, o que o tornava uma figura de consenso em muitos círculos”, aponta o jornalista Luiz Henrique Campos
Confira:
A gestão de Roberto Cláudio à frente da Prefeitura de Fortaleza deixou marcas profundas e positivas na cidade. Sob sua liderança, Fortaleza ganhou uma nova dinâmica urbana: foram criados corredores exclusivos para ônibus, ampliando a mobilidade e a rapidez do transporte público; as praças e espaços de convivência receberam investimentos que resgataram o orgulho do fortalezense; e o incentivo ao uso da bicicleta transformou o cotidiano de milhares de pessoas, colocando a capital como referência em políticas de mobilidade sustentável no país. Além disso, o zelo pela limpeza e urbanização deram à cidade um ar de modernidade e cuidado que há tempos se esperava.
Esses avanços explicam o reconhecimento popular que levou Roberto Cláudio não apenas à reeleição, mas também a eleger seu sucessor, José Sarto. É verdade que RC manteve, ao longo do tempo, uma relação conflituosa com o grupo petista ligado à ex-prefeita Luizianne Lins. Ainda assim, soube manter pontes com o então governador Camilo Santana e com as principais lideranças que comandavam o tabuleiro político cearense. De perfil sereno e aberto ao diálogo, sempre foi respeitado por formadores de opinião e pela sociedade civil, o que o tornava uma figura de consenso em muitos círculos.
Mas a política, como se sabe, é um campo fértil de surpresas e ressentimentos. E esses ressentimentos, guardados como cartas num baralho de conveniências, costumam ser jogados à mesa na hora mais inoportuna. Foi assim que o destino empurrou Roberto Cláudio para longe do grupo que o projetou e o conduziu aos seus maiores êxitos. Hoje, ao enveredar por uma trilha que contradiz sua trajetória, RC se vê abraçado por personagens que, no passado recente, não pouparam esforços para atacá-lo.
Sua entrada no União Brasil – ou, como se poderia ironicamente chamá-lo, “Desunião Brasil” – simboliza o ápice dessa incoerência. Trata-se de um partido onde a unidade é apenas um nome de fachada, um conglomerado de interesses díspares, egos inflados e projetos pessoais disfarçados de ideais coletivos. Ao aderir a esse grupo, RC arrisca dilapidar o capital político construído com anos de trabalho e credibilidade.
O chamado União Brasil é, em essência, o retrato da política mais oportunista que o país ainda cultiva. Um palco de caciques e personagens que se vendem como arautos da moralidade, mas atuam conforme o vento dos interesses e das conveniências. Ao subir nessa barca furada, Roberto Cláudio parece ter trocado a bússola da coerência por um mapa em branco — e o risco é que, ao fim dessa travessia, não reste nem o porto seguro da própria história.
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Todo o partido tem sua desunião. E outra Roberto Claudio foi rechaçado pelo grupo que o projetou. No União Brasil ele será valorizado, diferente do pdt que não o valorizava como liderança política. Aconselho ao nobre jornalista se informar melhor antes de escrever