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“Reflexões politicamente  incorretas para adentrar em 2025 – parte II”

Barros Alves é jornalista e poeta

“Veio o Messias. Era a esperança de Israel. Mas, não atendendo aos anseios de libertação do jugo romano, logo resolveram matá-lo”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves

Confira:

Em artigo anterior lembrei da catarse que permeia a sociedade ocidental e cristã(?) na quadra natalina, quando as pessoas liberam os mais belos sentimentos (mesmo tendo passado o ano inteiro fazendo malinações ou negando um cumprimento a outro) e se preparam para adentrar no novo ano que se aproxima cavalgando a esperança renovada de que haverá vida nova no ano novo. Na verdade, disse-o, não é isso que temos visto ao longo dos tempos. Ano novo é tão-somente vida que segue. Será Em tudo como dantes no quartel de Abrantes como diz o ditado. Em 2025 devemos estar preparados para continuar convivendo com as intempéries que se nos interpuserem na caminhada da vida. Porque, como sempre, muitos vão nascer e outro tanto morrer; pessoas vão se amar e outras vão se trata aos tapas e pontapés; nações vão fazer pactos (neste caso normalmente por interesses, às vezes escusos) para, de acordo com as circunstâncias, rompê-los mais à frente. Haverá fartura para alguns, miséria para outros; sorrisos e lágrimas, beleza nos belos e feiura nos feios, por mais que alguns insistam em tentar mudar conceitos estéticos; os pusilânimes continuarão a exercer sua missão de trastes morais, assim como os homens de boa vontade, “avis rara”, não se desviarão da linha. Neste pé é previdente não esquecermos o que escreveu o filósofo espanhol Ortega y Gasset: “Más que biología, el hombre es biografía; yo soy yo y mis circunstancias.”

Daí é que insisto em demonstrar que o judaico-cristianismo (e por extensão todas as demais religiões) tem falhado em sua pregação. Bastaria olhar para a situação histórica do cenário árabe-israelense, sobretudo no que respeita ao conflito israelo-palestinense que parece incontornável. Mesmo com o olhar de quem está do lado de cá, no mundo da Cristandade, o fato é que as raízes do conflito assentadas nos tempos abraâmicos, produziram árvores que não deram bons frutos. Pelo menos duas são bem visíveis: Cristianismo e Islamismo. Paradoxalmente, o discurso de ambos os lados vinculam-se na palavra paz: SALAM e SHALOM. As duas provindas da mesma raiz etimológica semítica. Porém, na prática, desde os começos vale para ambos os ISMOS, povos irmãos (Ismael e Isac com Cristo de permeio) o velho axioma romano: “Si vis pacem para bellum”. O natural espírito guerreiro do Profeta Maomé (que a PAZ esteja com ele!) e seus seguidores não teria como conformar-se aos belicosos filhos de Davi, Rei de Israel, para o escritor dos Atos dos Apóstolos um homem segundo o coração de Deus; para o historiador William Shirer, um sublime bandido. Com efeito, a polêmica e sinuosa vida de Davi dá razão aos dois lados.

Veio o Messias. Era a esperança de Israel. Mas, não atendendo aos anseios de libertação do jugo romano, logo resolveram matá-lo. Há algo, todavia, que a psicologia social talvez nos conceda uma explicação em face desse rosário histórico de violência, que o espírito religioso tenta escamotear sem sucesso. Por que precedendo a missão do Messias, Príncipe da Paz, Deus permite a matança de crianças e outras atrocidades mais? E, por que, um Deus que é Amor, sendo onipotente e, portanto, tendo alternativas amorosas para “salvar” a humanidade, recorre à mais condenável violência e comete filicídio, para realizar seu intento? Valei-nos Carl Gustav Jung!

Daquele tempo aos dias atuais, pelo que se nos apresenta concretamente, o judaico-cristianismo tem mantido sua tradição de belicosidade (as Cruzadas, por exemplo, nos tempos pós-Cristo) e não da paz pregada nas sinagogas e nos templos. Não há como escamotear o fato de que a Bíblia é um relato de sangue. Não poderia ser diferente. É a história do ser humano, este ser que em determinado momento o próprio Deus arrependeu-se de ter criado. (Gênesis 6.6-7; Jonas 3.10; 1 Samuel 15.35). Então, em 2025, nada de novo no front, para lembrar o belo romance de Eric Maria Remarque. Viva a vida que segue sob céu de brigadeiro ou sob tempestade!

Barros Alves é jornalista e poeta

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