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“Relação amorosa”

Zenilce Bruno é psicóloga e sexóloga. Foto: Arquivo

Com o título “Relação amorosa”, eis artigo de Zenilce Bruno, psicóloga e sexóloga. “Não pretendo aqui fazer o papel de crítica de cinema, mas como terapeuta de casais, não poderia deixar passar uma oportunidade tão rica de questionar aos leitores sobre suas vidas amorosas”, expõe a articulista.

Confira;

Resolvi rever o filme “Um Divã para Dois” lançado em 2012, que trata das fantasias femininas, colocando Meryl Streep no papel da mulher de desejo reprimido. O filme retrata um casal de terceira idade que, depois de 30 anos de casados não parece ter mais interesses em comum, quando a esposa que se sente sozinha, decide que se consultarão com um terapeuta de casais mesmo a contragosto do marido. O filme funciona antes de tudo como uma teleaula, com o personagem do terapeuta fazendo algumas perguntas incômodas ao casal que, por extensão, os espectadores também farão a si mesmos, sobre hábitos na cama e outras intimidades a dois que o tempo transforma em inércia.

Todas as necessidades se concentram na mais intensa e imediata delas: o sexo. Obviamente, não se trata apenas disso, mas é este elemento que se apresenta como porta-voz de todos os anseios daquele casal. Porém, não é fácil conseguir isso de seu parceiro conjugal de décadas. Não pela falta de vontade, mas por todo o constrangimento que esse tipo de necessidade, naquele contexto e idade específicos gera. Com um elenco carismático representando um drama comum à vida de muitos, independente da idade, por meio de uma proposta simples que tenta reaver o que há de essencial em qualquer relação amorosa.

Em minha opinião, esse filme se constitui como alerta aos casais. Sabemos que este sentimento de solidão fica intolerável quando o outro não nos alcança, não quer, não pode nos ouvir, ou não entende o que queremos dizer, seja de dor ou de alegria. Quando nós mesmos não sabemos fazer isso, não sabemos escutar-nos, acolher-nos, considerar-nos. Somos uma cultura sem esse exercício de partilha e escuta.

Não pretendo aqui fazer o papel de crítica de cinema, mas como terapeuta de casais, não poderia deixar passar uma oportunidade tão rica de questionar aos leitores sobre suas vidas amorosas. Escrevo e falo sobre o amor, sexo, relacionamentos e recebo muitas perguntas de como manter o casamento, o namoro, o ficar. O que é preciso para um relacionamento se manter vivo? O filme passa 100 minutos tentando encontrar a resposta para uma pergunta tão complexa. Afinal, nem sempre um relacionamento longo é sinônimo de um bom relacionamento. Ser feliz é uma arte. Ser feliz sexualmente é uma arte a dois, que tem origem no encontro das pessoas, não apenas dos corpos. A dimensão feminina que está tanto no homem como na mulher, aprecia muito o sexual vivido com sentido e afeto.

Tudo é construído de uma maneira muito honesta, desnudando não apenas os personagens, mas muitos casais que atendemos em nossos consultórios ou convivemos socialmente. E os dois atores constroem isso com muita verdade, por isso, a identificação acaba tão forte. Torcemos para que eles possam nos provar que é possível continuar e encontrar a intimidade de uma relação plena. Para que o amor não seja apenas “eterno enquanto dure”, mas que possa existir mesmo um “felizes para sempre”. Sugiro assisti-lo neste final de semana, vale a pena refletir e discutir, nem que para isso seja mesmo necessária à ajuda de um divã para dois.

*Zenile Bruno

Psicóloga esexóoga
zenilcebruno@uol.com.br

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