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“Resgatando a vida” – Por Zenilce Bruno

Zenilce analisa questões da sexualidade. Foto: Arquivo Pessoal

Com o título “Resgatando a vida”, eis artigo de Zenilce Bruno, psicóloga e sexóloga.

Confira:

Em tempos de pandemia em que usávamos máscaras, o olhar tornou-se valorizado por transmitir nossos sentimentos procurando encontrar espaço entre nós. O modo como olhamos produz vínculos ou afastamentos. Um olhar é como um discurso, comunica sempre. Diz, revela, condena, perdoa, acaricia ou pune. Pelo olhar, “janelas da alma”, escutamos a dor, a alegria, a inquietação, a solidão, o prazer. O afeto é o sentimento pelo qual tornamos o outro especial para nós, e pelo qual nos tornamos especiais para ele.

Como fomos desaprendendo essa fórmula, passamos a banalizá-lo, fazê-lo pouco importante em nossa vida, esse descaso, esse desafeto, não será uma das razões do modo violento como se vive hoje? O outro, este ser que nos faz parceria no planeta Terra, não é um estranho simplesmente. Por sua própria humanidade, ele é um semelhante, um igual a nós.

Os dias atuais apontam para uma necessidade maior de afeto e menos descaso e violência. É preciso ensaiar de novo o amor, resgatar o cuidado, a empatia e a afetividade, para que possamos ver os tons do arco-íris, o som da chuva, a poética da lua, a vida nos olhos do outro, a generosidade da flor que se abriu, a dor do irmão que sofre, a carência do filho que chora. Precisamos reaprender o exercício de pequenas expressões civilizadas e afetivas.

Desarmar nossa internalidade e não ter vergonha de ser amoroso. Sinto saudade dos abraços que não dei, dos afetos que não troquei, dos gestos que não foram feitos, dos afagos que economizei, dos olhares que não troquei. A vida tem pressa e ontem já se foi. Amanhã é agora. No burburinho da vida cotidiana, nutrimos a desculpa da pressa, e a impressão que fica é a de que o afeto vem sendo cada vez mais inibido em suas expressões, vem perdendo espaço em nossa vida, e até sendo maltratado com conotações de “coisa de menor importância”.

Quando necessitamos do amor, não sabemos como manifestar, solicitar e sentir, deixando largo espaço para a indiferença e violência na experiência humana. Passamos a nos defender do outro, ao invés de amá-lo.

*Zenilce Bruno

Psicologa e sexóloga.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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