Com o título “Risca-Faca Eleitoral “, eis artigo de Maurício Filizola, empresarío, diretor da Confederação Nacional do Comércio e diretor do Sincofarma-Ceará. Ele aborda o momento das eleições.
Confira:
A boa notícia da semana é que você já pode contar as baixas de mais uma eleição na era das redes sociais e dos grupos de whatsapp. Quem brigou com amigos, reaproxime-se. Quem se intrigou com parentes, reúna-se. Quem apostou três Hilux, como o prefeito de Morada Nova, console-se. A vida vai voltar à normalidade pelo menos até o pleito de 2026, quando o risca-faca eleitoral terá nova edição. E, pelo visto, ainda mais trash…
A bem da verdade, se há uma coisa que piora a cada temporada, no Brasil, é a política (e os políticos). O que era para ser um debate de ideias tem se transformado ora em picadeiro ora em ringue, onde vale tudo: desde a cadeirada de Datena em Marçal, em São Paulo, à cabeçada do prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, em Francinaldo Leão, candidato do Psol.
Mas a eleição da capital paulista se superou: a disputa estava mais para a Escolinha do Professor Raimundo do que para uma competição republicana. Boules, Bandidinho, Tchutchuca do PCC, Ladraozinho de Creche, Chatabata, Bananinha, Estelionatário de Internet, Talarica foram alguns dos “afagos” trocados, dos adjetivos verbalizados, do estilo “5ª Série” que se apossou dos candidatos durante os debates, ofuscando projetos e propostas para a maior cidade da América Latina.
E sabe o que é o pior? Isso fazia parte da nova estratégia de sucesso na comunicação política: os cortes. Sim, aqueles pedaços de falas editados, descontextualizados, desconexos, mas desconcertantes, que levam o público sedento por sangue das redes sociais ao delírio. E, na atual ditadura do algoritmo, é o like quem manda. Tanto que foi baixando o nível que Ricardo Nunes, Boulos e, principalmente, Marçal, tiveram, além de milhares de curtições, comentários e novos seguidores, também, respectivamente, 1.801.139, 1.776.274 e 1.719.274 votos. Seria cômico se não fosse trágico.
Mas nem tudo está perdido. Há também os que reprovam e repugnam essa comédia pastelão, esse espetáculo patético, esse enredo de mau gosto que se tornou a nossa política eleitoral. Pesquisa Quaest divulgada uma semana antes das eleições de primeiro turno, em São Paulo, apontava que a vergonha superava numericamente a esperança, e passou a liderar a lista de sentimentos dos eleitores em relação à disputa. No primeiro levantamento, divulgado no dia 18 de setembro, a esperança foi citada por 25% dos entrevistados e a vergonha, por 19%. Já na véspera da eleição, a vergonha cresceu entre os eleitores e chegou a 26%. A esperança se manteve com 25%. O Entusiasmo, com 2%, e o Orgulho, com 1%, amargaram as últimas posições.
Se você ainda duvidada de que os nossos valores estão invertidos…
*Maurício Filizola
Empresarío, diretor da Confederação Nacional do Comércio e diretor do Sincofarma-Ceará.
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