“Patrono da Igreja Católica, ele é visto como um modelo de fé, obediência e amor”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves, no artigo “São José, o Justo, e os perniciosos inimigos da Igreja”
Confira:
Por primeiro, neste dia em que a Igreja Católica reverencia São José, cito declaração de Herbert Vaughan, que serviu como Arcebispo de Westminster, Inglaterra, de 1892 a 1903. Na “Carta sobre a Devoção a São José” ele escreveu: “Se você dedicasse toda a sua vida à honra de São José, seu amor e respeito jamais se igualariam ao amor e respeito prestados a ele por Maria; nunca sequer se aproximaria da obediência, do amor, do respeito que lhe foi prestado pelo Filho de Deus, ao longo de trinta anos aqui na Terra. Mas, à medida que seu coração se aproximar dele na reverência e confiança ilimitadas de um filho, você gravará em sua alma uma cópia mais fiel do Verbo Encarnado.”
São José, exemplo incomparável para a Igreja Católica e para os cristãos em toda a história da humanidade, passou à posteridade como tendo sido um carpinteiro, o que se sedimentou na cultura dos povos em razão das narrativas populares. Porém, essa informação não é explicitamente mencionada nos Evangelhos.
Um dos nomes menos citados no Novo Testamento, mas cuja extraordinária grandeza está para além do silêncio dos evangelistas, de acordo com o Evangelho de Mateus (13.55) e o Evangelho de Marcos (6.3), São José é chamado de “tekton” (τέκτων), vocábulo grego que pode ser traduzido como “artesão”, “construtor” ou “artífice com madeira.” Todavia, a ideia de São José como carpinteiro é uma tradição que se desenvolveu ao longo dos séculos e não é necessariamente baseada em fontes históricas confiáveis. A Igreja Católica não define explicitamente a profissão de São José, e alguns tradutores preferem usar o termo “artesão” ou “trabalhador manual” para descrever profissão do pai adotivo de Jesus, o Cristo.
É uma exigência de fé repetir à saciedade que São José é uma personagem muito importante na tradição católica, por ter sido escolhido juntamente com a Virgem Maria para serem os pais terrenos do Filho de Deus. Por todas as virtudes de José, o Papa Pio IX o proclamou Patrono e tutor da Igreja Universal e que o mundo deve se curvar a ele, pois foi Deus quem o exaltou. Descendente do Rei Davi, segundo a orientação do teólogo Edward Healy Thomson, autor de uma belíssima biografia de São José (452 páginas), “inclinem os monarcas coroados da Terra as suas cabeças diante de São José, cuja nobreza de nascimento e glória ancestral ultrapassam em muito as de todos eles.” E acrescenta o mesmo autor: “São José é a glória dos nobres e a consolação dos operários; ele é a condenação dos sectários modernos que, nascidos de sangue ignóbil, desejam reduzir tudo a um nível vulgar, destruindo toda a superioridades de nome, posição ou propriedade, movimento que acabará levando, por fim, à total destruição da própria sociedade. Imploremos fervorosamente ao nosso sublime Patrono, São José, por sua poderosa intercessão, para salvar a Igreja, a família e a sociedade de tão perniciosos inimigos.”
Patrono da Igreja Católica, ele é visto como um modelo de fé, obediência e amor. Haverá de ser o guardião da “Mater et Magistra” da ação deletéria, expulsando as forças espirituais do mal que adentraram dentro da Igreja do seu filho adotivo como a “fumaça de Satanás” sobre a qual alertou São Paulo VI logo depois do Concílio Vaticano II, que foi contaminado pela atuação de inimigos da Igreja incrustado dentro dela.
Pai adotivo, cuidou de Jesus com acendrado amor e o protegeu durante a infância e juventude. Na condição de esposo numa sociedade altamente machista, São José cumpriu silente e resignado o compromisso de casto esposo com uma virgem grávida pelo poder do Espírito Santo (fato em que teólogos da libertação não acreditam), demonstrando ser um modelo pleno amor e de respeito pela esposa e pela família. Também modelo de humildade, trabalhador braçal, ele trabalhava duro para sustentar a família em um ambiente hostil e contaminado pelas fofocas em torno da virgindade de sua esposa. Arrostando todos esses obstáculos, São José inscreveu o nome no panteão dos mais venerados santos da Igreja Católica, sendo considerado um intercessor e protetor poderoso em momentos de necessidade.
Teólogos de nomeada e estudiosos da vida de São José são unânimes em reconhecer a presença dele nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs, no Antigo quanto no Novo Testamento, de forma explícita ou de forma velada. Destarte, embora não seja mencionado diretamente no Antigo Testamento, referências que são consideradas como prefigurações ou tipos de São José, tais como:
1 – A figura de Jacó, o Patriarca, (Gênesis 30.22-24; 33.1-17), é considerado um tipo de São José. Ambos foram escolhidos por Deus para desempenhar um papel importante na história da salvação.
2 – José, filho de Jacó (Gênesis 37-50) seria outra prefiguração de Jose´, posto que ambos foram injustamente perseguidos e sofreram, mas Deus os exaltou e os usou para salvar seus povos.
3 – O “servo fiel” citado pelo profeta Isaías (Isaías 20.3; 22.20-24): O profeta Isaías descreve um servo fiel que é considerado um tipo de São José. Esse servo é descrito como alguém que é fiel e obediente a Deus, e que é usado por Deus para realizar sua vontade.
No Novo Testamento é definido o perfil do extraordinário homem que se tornou o Patrono da Igreja Católica por todos os méritos e virtudes. Vejamos algumas citações neotestamentárias:
Evangelho de Mateus:
1 – Mateus 1.16: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.”
2 – Mateus 1.19-25: “José, seu esposo, era justo e não queria expô-la ao desprezo público. Enquanto hesitava, um anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho e disse: ‘José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo…”
3 – Mateus 2.13-15: “Depois que os magos se foram, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito…”
4 – Mateus 2,19-23: “Depois que Herodes morreu, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito e disse: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel…”
5 – Mateus 13.55-56: “Não é este o filho do carpinteiro? Não é sua mãe chamada Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?”
Evangelho de Lucas:
1 – Lucas 1. 26-27: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem chamado José, da casa de Davi.”
2 – Lucas 2.4-5: “José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e da família de Davi.”
3 – Lucas 2.16-20: “Os pastores foram apressadamente e encontraram Maria, José e o menino, que jazia na manjedoura.”
4 – Lucas 2.33-35: “José e Maria estavam admirados com as coisas que se diziam sobre o menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe do menino: ‘Eis que este foi posto para a queda e para a ressurreição de muitos em Israel…”
5 – Lucas 2.41-52: “Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando Jesus tinha doze anos, subiram à festa, como era costume.”
Evangelho de João
1 – João 1.45: “Filipe encontrou Natanael e disse-lhe: ‘Encontramos aquele de quem escreveu Moisés na Lei, e os profetas: é Jesus, o filho de José, de Nazaré.”
2 – João 6.42: “Disseram então: ‘Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como pode ele dizer: Desci do céu?”
OBRAS CONSULTADAS:
1 – SÃO JOSÉ, A PERSONIFICAÇÃO DO PAI – Leonardo Boff
2 – SÃO JOSÉ: QUEM O CONHECE? – Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias
3 – VIDA E GLÓRIAS DE SÃO JOSÉ Edward Healy Thompson
4 – VIDA DOS SANTOS, DE BUTLER, vol. III
*Barros Alves
Jornalista e poeta.