“Sarto e Leitão poderão seguir com o debate, mas estarão reféns de André Fernandes… Na verdade, reféns do ex-presidente Jair Bolsonaro”, aponta o jornalista Nicolau Araújo. Confira:
Acompanhamos nesse fim de semana a troca de farpas entre os pré-candidatos ao Paço Municipal do PDT e do PT, o prefeito Sarto e o deputado estadual Evandro Leitão, respectivamente, sendo, esse último, agora na condição de único nome de seu partido, conforme definição dos 200 delegados das correntes petistas em Fortaleza.
Sarto disse que o eleitorado de Fortaleza é rebelde e que não admitiria que o Paço Municipal tivesse à frente o mesmo partido do Palácio da Abolição. Leitão apontou uma gestão ruim na capital cearense como caso mais grave. Sarto respondeu #vaiversetonaesquina, por certo após consultar os maiores marqueteiros do país e o núcleo de inteligência pedetista no Ceará. Leitão rebateu ao afirmar… não-sei-o-quê.
O debate improdutivo, no entanto, nos leva a interessantes leituras. Sarto e Evandro, agora distantes, ainda estão ligados à mesma linha ideológica. Quando Sarto aponta que Fortaleza seria rebelde quanto a não permitir o mesmo partido no Paço Municipal e no Palácio da Abolição, o prefeito emprega um discurso construído pelo PT, ainda nos meados dos anos 1990, além de negar suas recentes ações políticas, quando tentou eleger Roberto Cláudio ao Governo do Estado. Evandro Leitão, quando acusa uma gestão ruim, esquece que fez parte desse processo.
Sarto e Leitão poderão seguir com o debate, mas estarão reféns de André Fernandes, deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza pelo PL. Na verdade, reféns do ex-presidente Jair Bolsonaro. Caso o ex-presidente da República decida realizar atos contínuos durante o período eleitoral em Fortaleza, dificilmente Fernandes deixará de disputar o segundo turno, ao mesmo tempo que a provável candidatura de Capitão Wagner deverá cair a insuficientes 6%.
A ausência de Bolsonaro em Fortaleza ainda não seria suficiente para levar Wagner ao segundo turno, provavelmente nesse quadro disputado entre Leitão e Sarto, não necessariamente nessa ordem. A retirada da candidatura de Fernandes, sim, garantiria Capitão Wagner no segundo turno, quando mais uma vez a direita/extrema direita teria um candidato genérico para representá-la. Claro, Eduardo Girão terá a sua parcela, principalmente dos extremistas, com recall estendido à Câmara Federal, em 2026. Girão deverá pagar o preço pelo seu turismo em Fortaleza nos últimos cinco anos e meio. “Fortaleza não esquece, o que Girão não fez por ela”…
Reféns das circunstâncias, Leitão deverá se sair melhor que Sarto. O candidato do PT certamente deverá querer reeditar a versão Lula em Fortaleza. Já o prefeito Sarto poderá sobreviver em debates políticos, quando por tudo terá que evitar o debate da gestão. Sarto possui um forte aparato político, mas péssimos resultados administrativos, puxados pela marca da gestão “Taxa do Lixo”.
Daí a necessidade de Sarto sugerir a Leitão “vai ver se estou na esquina”. É provável que esteja…
Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido
Ver comentários (1)
Fosse Leitão ou outro, responderia assim a bobagem do alienado Sarto et açeçores de piroka: — É provável que Sarto esteja na esquina. Na prefeitura é que Sarto não está.