Com o título “Schmidt, Sena e o “Irre Cearense” pelo Letramento Digital”, eis artigo de Mauro Oliveria, professor IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.
(Dedicado ao meu amigo Fernando Carvalho, o construtor do nosso Cinturão Digital)
Confira:
Eric Emerson Schmidt, empresário norte-americano, ex-presidente executivo do Google entre 2011 e 2015 e doutor em Ciência da Computação em Berkeley, tem lançado um alerta incômodo e urgente: a sociedade está subestimando, ou entendendo “piulas nenhuma”, o que realmente está vindo com a nova geração de Inteligência Artificial (IA).
Em suas declarações, Schmidt destaca que estamos atravessando uma virada histórica: a “nova IA” não segue mais regras fixas criadas por programadores, como nos antigos Sistemas Especialistas no início da IA. Ela agora aprende sozinha, identificando padrões, reagindo e se adaptando em tempo real, como quem joga xadrez contra o Kasparov e ainda manda um emoji de deboche no xeque-mate.
Antes de lançar a bomba de que, até 2026, a IA pode se tornar incontrolável, Schmidt solta outra previsão de tirar o soluço: dentro de três a cinco anos, podemos atingir a chamada Inteligência Artificial Geral (AGI), sistemas capazes de executar tarefas cognitivas comparável ao da mente humana.
E Schmidt não está sozinho nessa rodada de previsões tecnológicas de arrepiar os cabelos do franzido. Dario Amodei, cofundador e CEO da Anthropic (criadora do Claude AI) e ex vice-presidente de pesquisa da OpenAI, também resolveu jogar lenha na fogueira com uma declaração bombástica: “Dentro de 12 meses, toda a programação será feita por IA.”
Claro, é uma previsão ousada e não um decreto divino gravado em silício. Mas, considerando quem está colocando a boca no trombone, vale pelo menos parar, botar as mãos nos quartos e pensar duas vezes antes de sair por aí dando uma rabissaca no futuro.
Basta reparar no burburinho em 2025 no mundo das LLMs (Large Language Models), como o ChatGPT, Claude e Gemini, e logo se nota o foco em uma novidade conceitual que tem roubado a cena: o Model Context Protocol (MCP).
O MCP funciona como uma espécie de roteiro estruturado para a IA, em que você diz, em linguagem natural: “quem você é, o que você sabe, em que contexto está e o que eu preciso que você faça.” É, basicamente, um briefing para robôs, só que sem precisar escrever código ou programar, ao alcance de qualquer mortal com um bom papo na ponta do lápis Faber Castell.
Antes, se você quisesse criar um chatbot educativo, por exemplo, precisava chamar o programador, abrir o editor, configurar o ambiente, “codar” em Python, importar “meia dúzia de 3 ou 4” bibliotecas e ainda torcer pra tudo rodar sem erro.
Com o MCP, você apenas diz, falando pelos beiços sedentos de um Malbec
• Quem é o modelo? (Um professor do ensino médio).
• Qual o contexto? (Ajudar alunos com dúvidas de Física).
• Qual a tarefa? (Explicar conceitos com exemplos do dia a dia).
Agora, se um galego dos olhos azuis como Eric Schmidt já sente dificuldade em ser ouvido nos Estados Unidos, imagine o Acrísio Sena, cabra da peste cearense, com a pele Krenak e os pés na luta popular, tentando se “arrodear de atenção” para debater Letramento Digital no Ceará.
Schmidt e Sena falam a mesma “linguagem… natural”: quanto mais uma sociedade se mantiver fora do debate sobre inteligência artificial, maiores serão os prejuízos. E não é só papo de cientista, não. Estamos falando de desemprego em massa, exclusão tecnológica e, pior ainda, de uma colonização digital sorrateira, que já tá acontecendo debaixo do nosso nariz (dá uma canetada na fatura dos seus APPs esse mês, ou não é tudo gringo levando um pedacinho do teu PIX).
É chegada a hora de agir. Hora de arregaçar as mangas e dar aquele “irre” cearense, o legítimo, não aquele que o Porchat tentou soltar no Centro de Convenções (rsrs). Hora de cutucar nossas lideranças com fala curta, direta e afiada, no estilo João Teixeira do Iracema Digital, para colocar a IA na pauta política, como já vem fazendo, com coragem e juízo, o nosso vizinho Piauí.
Sem uma política pública de IA, corremos o risco de perder o bonde da inovação e o pior, sem nem saber qual trilho ele seguiu. Mas ainda dá tempo. Dá tempo de entrar no jogo, ocupar os espaços e garantir que essa revolução digital não aconteça sem a gente … ou pior, contra a gente.
BORA apoiar quem já está “rebolando no mato” velhos bits, bytes e ciscando novos prompts por aqui, com garra, cabeça aberta e o coração tinindo … e gritar como só nós sabemos pelo Letramento Digital: “irrrre”
Parabéns Acrísio Sena, deputado da Inovação!
*Mauro Oliveira
Professor do IFCE e PhD em Informática por Sorbonne University.