Com om título “Selfie de senador com influenciadora é o retrato do Congresso Nacional de hoje”, eis a coluna Fora das 4 Linhas, desta quinta-feira (15), assinada pelo jornalista Luiz Henrique Campos
Confira:
A cena de um senador do PL de Minas Gerais tirando selfie com uma influenciadora durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets esta semana pode ser entendida como verdadeiro retrato do Congresso Nacional neste primeiro semestre. Com produção baixíssima, diante dos problemas que o país enfrenta nas áreas econômicas e de segurança, só para citar estas, nossos representantes na Câmara Federal e no Senado mais se preocuparam em se vender nas mídias sociais ou em defender temas de seu próprio interesse, como livrar correligionários de punições, vide o caso Ramagem, ou pedir anistia para os envolvidos nos atentados do 8 de janeiro de 2023.
Ressalte-se que a CPI das Bets foi criada no Senado para investigar a crescente influência dos jogos virtuais de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro, bem como o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades. O que se viu com a selfie, todavia, foi a aceitação e a conivência com possíveis irregularidades e os danos psíquicos e financeiros causados pelas bets, já que os investigados terminaram sendo idolatrados nos corredores e na sessão da CPI.
Para se ter ideia dos prejuízos gerados pelas bets no Brasil, o varejo deixou de faturar cerca de R$ 103 bilhões ao longo do ano de 2024 em decorrência dos recursos das famílias destinados para os jogos via plataformas virtuais de apostas esportivas e de cassino online, segundo estudo divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), com base em dados disponibilizados pelo Banco Central. A CNC aponta ainda que as pessoas se endividam quando deixam de arcar com seus compromissos financeiros para realizar apostas.
E isso acontece, sobretudo, com a população de menor renda, acreditando nas facilidades oferecidas pelos jogos com o suporte dos influenciadores. Por outro lado, a pauta do Congresso Nacional já se mostra como a mais improdutiva dos últimos anos. Levantamento da Carta Capital, por exemplo, indica que, na Câmara, considerando votações de projetos de lei, propostas de emenda à Constituição e medidas provisórias, o resultado até agora foram menos de 40 deliberações.
Em termos de comparação, o ex-presidente Arthur Lira (PP-AL) colocou para votação 62 pautas até maio de 2021, em plena pandemia. Já no Senado, 21 indicações para diretorias de agências reguladoras seguem paradas na mesa do presidente do Senado. De relevante mesmo, o Senado só votou a liberação de sobras de emendas parlamentares do ano passado e a resposta ao “tarifaço” de Donald Trump. O pior de tudo é que a partir do nível e dos confrontos nas duas casas, não se vislumbra uma mudança a curto prazo.
Luiz Henrique Campos
Jornalista e titular da coluna “Fora das 4 Linhas”, do Blogdoeliomar
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Pior do que isso, são as constante gafes da 1a dama, chamada de Janja. Triste!