“De Juazeiro e Canudos / De Mombaça ao mundo inteiro / Nós exportamos heróis / Pois seu povo é verdadeiro”, aponta o jornalista e poeta Barros Alves, em homenagem ao Dia do Nordestino
Confira:
No chão quente do Nordeste,
Entre espinho e solidão,
Nasce o homem resistente,
De coragem e muita ação.
Cabra danado da peste,
Orgulho do meu sertão!
Quando o sol racha o caminho,
E o chão grita sem florir,
Ele enfrenta o desafio,
Seguindo sem desistir.
Gibão e chapéu de couro,
Não tem medo do porvir.
Na enxada ou na viola,
Na lida ou na oração,
Traz nos olhos a esperança
De um povo em superação.
Mesmo pobre, é rei valente,
Seu reinado é no sertão.
Se a seca vem de surpresa,
Não se entrega ao padecer,
Pois do barro faz riqueza,
E do pouco faz crescer.
Com a fé em Meu Padim Ciço,
Segue firme sem temer.
O sertanejo é guerreiro,
Mas tem um bom coração,
Sabe rir na tempestade
E cantar na escuridão.
Mesmo o mundo sendo duro,
Vive feliz no seu chão.
Não há sol que o derreta,
Nem miséria que o abata,
Pois do suor nasce o trigo,
Nasce o bronze, o ouro, a prata.
É cabra macho, é valente,
Mas a ninguém desacata.
De Juazeiro e Canudos,
De Mombaça ao mundo inteiro
Nós exportamos heróis,
Pois seu povo é verdadeiro,
De cabra da peste ousado,
O Nordeste é um celeiro.
Nas brenhas do meu Nordeste,
Entre a seca e o espinho,
Brota o cabra destemido,
Porém, jamais um mesquinho.
De suor faz ele a chuva,
De dor faz novo caminho.
Tem no rosto o sol queimando,
Mas no peito o céu inteiro,
Não se curva à tempestade,
Nem ao fardo traiçoeiro.
É sertanejo valente,
É cabra forte e guerreiro.
Quando o chão racha de sede
E o gado geme no pasto,
Ele planta a esperança,
Mesmo se o tempo é nefasto.
Com fé em Nossa Senhora,
Sabe que o mundo é vasto.
Lá vai ele na caatinga,
Com a enxada ou o gibão,
Trabalhando com coragem,
Com firmeza e devoção.
Seu orgulho é o trabalho,
Sua força, o coração.
Já lutou contra o flagelo,
Contra o fome e solidão,
Mas nunca perdeu o riso,
Nem vendeu seu coração,
Pois o cabra nordestino
Tem gênio de Lampião.
É vaqueiro, é retirante,
É poeta e cantador,
É profeta de esperança,
É um ente lutador.
Onde pisa nasce vida,
Mesmo em meio a muita dor.
No terreiro da saudade,
Canta o aboio magoado,
Mas da dor faz poesia,
Do amor faz seu legado.
Pois o seu peito é de ferro,
E o olhar é abençoado.
Diz o povo lá do Sul:
— “A vida é dura demais!”
Mas o cabra da caatinga
Sabe o quanto vale mais.
Porque nas brenhas e espinhos
Brota o amor, sonhos fatais.
E se o vento traz a seca,
Ele encara sem temer,
Faz do sonho um companheiro,
Do silêncio um bem-querer.
E agradece o que tem,
Mesmo o pouco pra comer.
Por isso eu bato no peito,
Com respeito e emoção,
Pra dizer pro mundo inteiro
Com orgulho e gratidão:
Sou nordestino, sou forte,
Sou filho do meu sertão!
Ofereço este folheto
Com respeito e devoção
Ao meu povo nordestino,
Povo de fé e ação,
Povo muito abençoado
Por Padim Ciço Romão.
Bato no peito e repito
Antes de dizer: Adeus!
Rogando ao Meu Padim Ciço
Refazendo os sonhos meus,
Oro ao Pai Onipotente
Sentindo as bênçãos de Deus!
Barros Alves é jornalista e poeta