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“Sertão: seca e a chuva benfazeja”

Professor João Teles. Foto: Reprodução

“Existe as ajudas governamentais? Sim. Mas são sempre poucas. Nas cidades faltam açudes, lagos, balneários municipais”, aponta o professor e historiador João Teles

Confira:

O verão no sertão nordestino faz o povo sofrer. Sem água, sem alimento, com pouca coisa e sem refrigério, o penar é grande. O tempo seco é um fenômeno natural, no sertão de sol inclemente, mas desnorteia o sertanejo e o deixa sem rumo, triste e capiongo. A desertificação, faz o tempo ser ainda mais quente; e com pouca ou e nenhuma água, vem a sede e o desencanto. Lagos, poços, açudes e rios secam; o peixe escasseia, as águas evaporam e vão para o alto. Daí vem a erosão, o desmonte de ribanceiras e o desmonte do solo. Depois disso, a baixa produtividade é uma realidade dura de suportar.

O homem planta, pouco ou nada dá, e o que produz ainda tem pouco valor; o comércio (e seus agentes) nem sempre valoriza o que é produzido, com tanto suor, pelo rurícola.

O que fazer? Apelar para o Governos. Ih. Nem sempre esses aparecem. E, quando chegam, em período eleitoral, é com pouca coisa nas mãos. O sertanejo vive só, em seu infortúnio. É tudo muito difícil por lá.

Existe as ajudas governamentais? Sim. Mas são sempre poucas. Nas cidades faltam açudes, lagos, balneários municipais, xiringadores (como em Fortaleza), etc., que permitiriam bons banhos, o que diminuiria o impacto de sequidão sertaneja. Não é fácil ser do sertão. A vida é árdua, com problemas mil.

Mas… quando chega a chuva, vem com ela a bonança: o maxixe, o abóbora, a melancia e tantas outras novidades sertanejas; nos rios, lagos, barragens e açudes, surge o peixe, que mata a fome de tanta gente; com a chegada das chuvas até a passarada se anima, e o boi, solto, se lambe todo. Tudo é alegria, quando a invernada é uma realidade. A alegria se desenha, até no arco-íris; até a música no rádio soa melhor. O sertanejo joga a enxada no ombro e põe água na cabaça e vai pro eito, com muito mais gosto, porque sabe que seu trabalho dará bons (e providenciais) frutos. A mulherada se anima a vai às grotas, rios e açudes, para ensaboar, quarar e lavar roupas. É uma festa!

João Teles de Aguiar é professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura

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