Simplificando o Deságio – Por Fabiano Mapurunga

Deságio

O mercado financeiro é repleto de termos, e hoje vamos comentar sobre um que é de fundamental importância para aqueles que desejam entrar no mundo dos investimentos, ou até para aqueles que já estão mas que desejam se aprimorar.
Hoje faremos uma exposição simples sobre o que vem a ser “deságio”, pois o mesmo é fundamental para nos guiar na hora de negociarmos produtos financeiros.

Significado

Para o universo dos investimentos, o deságio se apresenta como a relação de diferença entre o valor nominal de um ativo qualquer e o valor que realmente foi pago na sua compra. Em síntese, ele se dá quando no ato da compra de um produto financeiro se paga um valor menor do que se foi determinado no início.
No mercado financeiro para que obtenhamos lucro com a compra de um ativo, é importante que compremos por menos e vendamos por mais. Tal oscilação tem vários fatores que podem a provocar. O investidor deve saber montar a sua leitura tanto fundamentalista, quanto conjuntural para conseguir chegar a uma conclusão mais assertiva sobre o instante correto de comprar ou vender seus ativos.
Agora vamos propriamente mergulhar no conceitos de ágio e deságio. Quando o valor que pagamos por um ativo for menor que o seu nominal, podemos dizer que esta operação está em deságio. Logo quando este preço for maior do que o nominal, dizemos que está em ágio. Porém quando os dois preços estão equivalentes, dizemos então que tal negociação está “ao par”.

Vamos exemplificar o conceito agora em alguns modelos:

MODELO 1: Funcionamento do deságio em títulos públicos

Supondo que compramos um determinado título com preço pré-fixado no Tesouro Direto. O seu vencimento é daqui a 24 meses, mas, antes desse período, nós precisamos vendê-lo.
Para o caso acima, o Tesouro se compromete a recomprar o título, mas pagando um pouco menos do que nós. Sendo assim, estamos vendendo em ágio (por mais do que o valor nominal) e o Tesouro está comprando em deságio (por menos do que o valor nominal).

MODELO 2: Funcionamento do deságio em ações

A bolsa é um ambiente em que os conceitos de ágio e deságio se apresentam como fundamentais, pois as oscilações de preços acontecem com muita frequência. Imaginemos que estamos observando o comportamento dos ativos de uma determinada empresa já há alguns meses, então estas ações agora estão custando R$ 10. Em determinado momento, contudo, após uma notícia ruim, esse valor cai para R$ 8.
Daí resolvemos aproveitar essa queda e comprar alguns ativos. Depois de meses, o valor da ação volta a subir. Isso significa que adquirimos o produto em deságio (por um valor menor do que o nominal).

MODELO 3: Funcionamento do deságio em participações societárias

Neste modelo seguimos o mesmo tom. Se adquirirmos parte de uma sociedade por um valor X e, depois de algum tempo, esta passe a ter o seu valor aumentado, estaremos em deságio. Isso significa que, na hora da compra, pagamos menos do que ela vale hoje.
Para simplificar, o deságio vem a ser o lucro que se obtém a partir de uma operação financeira. Sendo a rentabilidade o objetivo final de toda transação desse tipo, já dá para imaginar porque é tão importante entender esse conceito, não é?

Conseguir prever e ler essas oscilações é o que garante o sucesso de um bom investidor. Para facilitar essa missão — utilizaremos uma fórmula. Veja a seguir quais são os cálculos para quantificar deságio.

Cálculo do deságio

Precisaremos entender as duas formas de montar o cálculo do deságio, pois estas dependerão do tipo de produto financeiro:

1 – Títulos de Renda Fixa

Para cálculo de deságio em títulos de renda fixa, a fórmula é um pouco complexa:
VP = P / (1+taxa) (prazo / período da taxa)

Nessa equação:
VP = valor presente do recebível líquido de juros;
P = valor do recebível;
Taxa = taxa de juros expressa ao mês ou ao ano;
Período da taxa = número de dias que a taxa é expressa.
O resultado será um valor em reais. Se ele for positivo, significa deságio (lucro). Se for negativo, significa ágio (perda).

2 – Ações e Participações Societárias

No caso de ações e participações societárias, o cálculo é bem mais simples:
Deságio = Preço por ação / VPA

Nessa fórmula, VPA é referente ao Valor Patrimonial da Ação.
Caso o resultado seja menor do que 1, o preço de mercado está em deságio, podendo representar um bom momento para a compra de um ativo. Se o resultado for igual a 1, o preço está igual ao de mercado. Por fim, se for maior, a ação está em ágio.

Fabiano Mapurunga: Fabiano Mapurunga é Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Finanças pela Unifor, Pós-Graduado em Gestão de Negócios pelo INSPER, MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV, MBA em Agronegócios pela USP/ Esalq e Graduado em Administração de Empresas pela UFC. Possui experiência de 23 anos na área de Finanças Corporativas. Atualmente trabalha com inovação e consultoria financeira para empresas nacionais, além de se dedicar a novos negócios e investimentos. É professor universitário em cursos de Pós Graduação e autor de vários artigos.

Ver comentários (5)

  • Fabiano Mapurunga nos dando uma super aula! Um dos requisitos de como podemos fazer bons investimento e de forma consciente, para que sejamos bem sucedidos. Eu sei quando é deságio com relação a ações e participação societária, más o cálculo em relação a títulos de renda fixa, eu não sabia. Então nosso mestre, Fabiano, está aqui para nos dar todo apoio e conhecimento para nos ajudar a crescer financeiramente. Com poucas aulas, más de forma consistente, o montante que já aprendemos, vamos moldando nossa consciência com relação à investimentos.
    Muito Obrigado meu amigo!

  • Achei incrível a forma como esse artigo explica o deságio de maneira clara e acessível! Muitas vezes, quem está começando no mundo dos investimentos se assusta com termos técnicos, mas aqui tudo ficou bem didático, com exemplos práticos que ajudam a entender a importância desse conceito. Excelente conteúdo!

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