Algumas empresas, travam uma batalha diária em busca de aumentar suas vendas, através da conquista de mais clientes, ou mesmo da busca por atingir novos mercados. Seu foco passa a estar muito direcionado para o aumento compulsivo do seu faturamento, como se isso fosse a única maneira de aumentar sua lucratividade, e trazer mais saúde para suas operações. Acabam deixando em segundo plano um dos pontos mais cruciais para a sustentação do seu negócio, que é a forma como se deve fazer a sua gestão financeira. Aí se esconde, grande parte das imperícias que podem fazer ruir todos os esforços empresariais.
Uma gestão financeira eficaz, deve ser capaz de conter os possíveis pontos de evasão de capital da empresa, desenvolvendo controles que possam fazer o monitoramento de suas operações, de uma maneira sistêmica e, até mesmo, conseguindo isolar a visão de cada área, para se ter a possibilidade de se visualizar onde se pode fazer alguma ação de redução de custos, com base na margem de contribuição que cada Centro de Custos apresenta no todo.
Além dos controles, é necessário que essa gestão financeira tenha a capacidade de construir uma boa rede de relacionamentos, com todos os componentes de sua cadeia produtiva: Clientes, Fornecedores, Concorrentes, etc.
Existem alguns sinais que devem ser vistos como alarmes para definir que a sua Gestão Financeira está precisando de mais atenção. São estes alguns:
A – Faturamento declinando por mau dimensionamento dos seus preços
Vamos ter em mente sempre que, toda venda deve ser seguida de lucro, e que esse lucro deve ser capaz de cobrir às expectativas de resultados. A questão aqui é que, se necessita ter capacidade de saber calcular essa margem de lucro de uma maneira que obedeça a dois critérios essenciais:
- O primeiro é que, o lucro seja capaz de suprir os custos agregados e ainda sobrar um líquido que esteja dentro das expectativas de lucro dos acionistas;
- O segundo é que, essa margem de lucro não deixe o produto acima dos preços praticados no mercado, sob pena de fazer com que não se consiga vender, ficando assim o produto ou serviço retido no “estoque” e acarretando mais dispêndio financeiro (Produto parado em estoque é dinheiro parado – quanto maior for seu giro de estoque, maior é a capacidade de a empresa gerar caixa).
O fato do preço estar acima dos praticados no mercado, pode acarretar uma queda drástica de faturamento porém, outros fatores externos também podem estar provocando esta queda. É necessário se ter a capacidade de identificar quais pontos estão contribuídos para esta baixa e, de uma forma planejada, tomar as medidas necessárias para reverter esse quadro.
B – Tomadas constantes de empréstimos, sejam em bancos ou outros agentes
Aqui se encontra um dos sinais mais críticos. Quando a empresa começa a tomar empréstimos para “apagar incêndios”, ou seja, para pagar contas essenciais que deveriam estar sendo cobertas pela sua atividade operacional convencional, realmente se chegou a um ponto muito crítico, e ficou claro que a gestão financeira não foi capaz de tomar medidas preventivas para não se chegar a esse ponto.
Ocorrerá um afogamento do caixa da empresa, pois o acumulo de juros, IOF e outros encargos provenientes dos empréstimos sucessivos, irão corroer os já depreciados lucros, e isso empurrará a empresa para uma rua sem saída. Surgirão então as restrições financeiras, e aí todos os outros fornecedores também começarão a travar suas negociações. O cerco começa a se fechar.
C – Mistura das finanças da empresa com as pessoais
Um dos erros mais comuns, principalmente em empresas familiares, é a confusão que se faz entre o caixa da empresa e a retirada dos sócios. A empresa tem suas obrigações bem definidas para se conseguir manter operando, os sócios devem conseguir sobreviver com uma retirada “X”, que esteja dentro da capacidade de pagamento da empresa. Se o caixa passar a sofrer sangrias constantes e sem programação, os pagamento das contas que estavam previstas como pagamento de impostos, pagamentos de fornecedores, pagamentos de funcionários, etc, ficarão comprometidas.
Esse é um clássico indicador de que a sua gestão financeira precisa de uma reordenamento disciplinar urgente.
D – Fornecedores enviando títulos para protesto
Uma das maneiras mais saudáveis de se financiar a operação de uma empresa, é através dos créditos e prazos concedidos pelos fornecedores, porém se a situação financeira da empresa chegou ao ponto de não estar mais permitindo cumprir com as obrigações assumidas com os mesmos, e estes já começaram a enviar seus títulos para protesto, é porque a forma como a sua gestão vinha atuando, não se antecipou de forma clara e coerente ao ponto de conseguir evitar o desgaste do relacionamento com os seus principais agentes financiadores. É preciso então reverter essa imagem através de negociações plausíveis. Lembre-se sempre que os seus fornecedores são um dos ativos mais preciosos da sua empresa.
E – Atraso no pagamento de Impostos
Como dito anteriormente, a gestão deve ser capaz de calcular sua margem de lucro de uma maneira que esta supra seus custos, e deixe um líquido que atenda às expectativas dos acionistas. Dentre esses custos estão os impostos. Logo, ao auferir a venda, a gestão financeira já deve ir provisionando o recurso necessário para pagamento dos impostos. Caso isto não esteja sendo feito, logicamente ela acabou destinando os recursos para outro fim que não o devido. A consequência desse não pagamento de impostos, pode ser inclusive a execução judicial dos bens da empresa, e se caso essa penhora não seja suficiente, os bens dos sócios podem ser arrolados no processo.
Não deixem as dívidas com impostos se acumularem, procurem com urgência o respectivo órgão, e façam um parcelamento que esteja o mais próximo possível de sua capacidade financeira.
F – Não possuir controle do fluxo de caixa
Uma empresa que não possui um fluxo de caixa está à deriva em mar aberto. Está entregue à própria sorte. Pois não consegue ter uma visão dos compromissos já assumidos, e isso pode acarretar um endividamento incontrolável. Não possuir uma controle eficiente de fluxo de caixa é a prova cabal de que a empresa não possui uma gestão financeira eficiente.
G – Uso constante do cheque especial
Usar o cheque especial de forma constante, é o mesmo de se estar tomando doses diárias de veneno. Essa é a linha de crédito mais cara que existe, e não foi desenhada para ser usada como capital de giro, como muitas empresas fazem. Ela só deve ser usada em momentos extremos e de forma isolada.
O volume impagável de juros que superam em muito a margem de lucro, que se pode colocar em seus produtos, acabará aumentando em progressão geométrica chegando a um ponto que obrigará a empresa a fazer um parcelamento, ou mesmo a tomar uma linha mais barata para cobrir esse buraco. Fujam ao máximo do cheque especial.
Como vimos, a Gestão Financeira se constitui como o alicerce de qualquer negócio. Todas as operações da empresa dependem do bom funcionamento do financeiro, e por isso ele deve ser administrado de forma profissional e responsável.
Respostas de 4
Gostaria de deixar registrado que a empresa que eu trabalho atualmente, só ganha com a contratação deste líder, chamado Fabiano Mapuruga!!!
Parabéns pelo artigo. Perfeito e objetivo. A cada dia que passa me torno um profissional melhor, com o aprendizado diário.
Excelente matéria. Tema importante e muito bem apresentado e desenvolvido.
Show, Fabiano!
Sucinto e esclarecedor!
Parabéns!!!