“Na luta pela retomada da construção do açude Orós, que permaneceram paralisadas durante 29 anos, Alencar Araripe requereu em 10 de julho de 1952 a nomeação de uma CPI”, aponta o jornalista Flamínio Araripe
Confira:
O Açude Orós, no Ceará, foi inaugurado no dia 11 de janeiro de 1961 pelo presidente Juscelino Kubitschek. Na ocasião, diante da estátua em tamanho natural em sua homenagem, o mandatário declarou, ao público que acorreu ao evento, que a escultura deveria representar o deputado federal Antônio Alencar Araripe, e não ele.
O gesto do presidente Kubitschek prova que ele era um estadista, avalia o jornalista e radialista Humberto Cabral, presente à inauguração ocorrida em 1961, em ato realizado terça-feira (dia 26) no Instituto Cultural do Cariri (ICC), no Crato. Só sendo um estadista para manifestar seu reconhecimento ao trabalho parlamentar de Antônio Alencar Araripe, deputado de oposição que lutou pela conclusão das obras do açude Orós, argumenta Cabral.
Na luta pela retomada da construção do açude Orós, que permaneceram paralisadas durante 29 anos, Alencar Araripe requereu em 10 de julho de 1952 a nomeação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. A CPI teria como objetivo apurar os fatos relacionados com a solução do problema das secas no Nordeste e as atividades empreendidas nesse tocante pelo DNOCS.
Consta desta resolução nº 166, no 5º item:
“Se a barragem Orós é realmente uma obra pública cuja construção interessa fundamentalmente à solução dos problemas das secas, na região mais acossada pelas mesmas e ao progresso econômico e social do Ceará e estados próximos, não se justifica que continuem paralisados os respectivos trabalhos”, afirma o parlamentar.
No escopo da CPI consta ainda a apuração dos seguintes itens: 1º – se os efeitos das secas podem ser realmente prevenidos e atenuados, mediante a execução do programa de obras a cargo do DNOCS; 2º – qual o motivo por que ainda hoje repercutem tão profundamente os efeitos das secas; 3º – em que pé se encontram as obras realizadas pelo DNOCS, e que providências são necessárias para que conclua quanto antes a execução do respectivo programa; 4º – se as obras realizadas correspondem ao dispêndio feito, obedecem às prescrições técnicas e satisfazem aos objetivos a que se destinam.
Denuncia Araripe ainda que, “ao DNOCS, têm faltado verbas permanentes, equipamento, pessoal técnico, enfim, recursos necessários para desenvolver a sua ação continuada e firme através dos tempos. O DNOCS vem atravessando um período de graves dificuldades. Sem oportunidade, desde muitos anos, de renovar o seu pessoal técnico progressivamente desfalcado (…)”.
O deputado Alencar Araripe relata o que conseguiu, no setor de açudagem, “à custa de persistente utilização dos instrumentos adequados de ação legislativa”. As informações são extraídas do livro “Doze Anos de Parlamento”, de Antônio de Alencar Araripe, de 506 páginas, publicado em 1960. Na obra, ele detalha com farta documentação a construção do Orós, Várzea do Boi, Poço da Pedra, Quixabinha (então a concluir), Latão (interrompida) e Campos Sales (em cooperação com a prefeitura).
Cita ainda os seguintes estudos e projetos: Umari (Crato), Poço da Volta (Jati), São Vicente (Várzea Alegre), Atalho (Brejo Santo), Sistemas de barragens sucessivas nos vales do Carás, do riacho dos Porcos, do Cariús, do Machado e do Bastiões e do rio Salgado, a concluir. O deputado Antônio Alencar Araripe era conhecido como o Deputado das Secas pela defesa de obras hídricas e do DNOCS – ele exerceu três mandatos na Câmara Federal.
Flamínio Araripe é jornalista