Tarcísio queima a largada e vê palanque à presidência ameaçar ruir – Por Luiz Henrique Campos

“Tarcísio pegou corda e acreditou no sonho de que poderia ser o ungido pela direita radical como candidato da mito família”, aponta o jornalista Luiz Henrique Campos

Confira:

Oficial do Exército com a patente de capitão, o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é formado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), engenheiro civil pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e mestre em Engenharia de Transportes por essa instituição. Após deixar o Exército (em 2008), atuou no serviço público federal, especialmente na Controladoria-Geral da União (CGU), ocupando cargo de analista de finanças e controle e coordenador-geral de auditoria da área de transportes.

Em 2011, no governo da presidente Dilma Rousseff, foi convidado para assumir cargo no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) como diretor-executivo. Essa nomeação ocorreu em contexto no qual Dilma buscava dar uma “faxina” em órgãos com suspeitas de irregularidades. Em 2014 foi promovido a diretor-geral substituto do DNIT, função que exerceu até janeiro de 2015. Após deixar o DNIT, foi consultor legislativo da Câmara dos Deputados, trabalhando nas áreas de desenvolvimento urbano, trânsito e transportes.

Vê-se por essa trajetória, que não consta alinhamento partidário forte, pois sempre atuou como técnico, com perfil de gestor, não de político de base partidária. Perfil, por sinal, que o levou a assumir o Ministério da Infraestrutura no governo Jair Bolsonaro e posteriormente o governo paulista. De tudo isso, se depreende que Tarcísio nunca foi de fato talhado para o jogo político e sua assunção a gestão de São Paulo, tratou-se de obra mais de uma onda bolsonarista do que mesmo de méritos próprios.

A questão, é que Tarcísio pegou corda e acreditou no sonho de que poderia ser o ungido pela direita radical como candidato da mito família. Acreditou e se deu mal. Ao se apresentar como radical no último comício político religioso na Avenida Paulista, Tarcísio surpreendeu grande parte da classe política ao atacar como nunca havia feito, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, principal algoz do bolsonarismo. Ali, queimou a largada da sucessão, querendo se considerar o único herdeiro da família. Antes disso, já havia se assumido trumpista de boné e tudo.

O Tarcísio político errou e errou muito na construção de um palaque que poderia ser conciliador, aberto ao diálogo e com olhar alargado para as questões nacionais. A história mostra, todavia, que em uma autocracia, ninguém pode ser maior do que a casta e a imagem de um candidato grande, unindo a direita e o centro, atraindo desgostosos com o PT e Lula, revela-se hoje candidato pequeno, refém do bolsonarismo e um mero técnico com riscos reais de não ser reeleito em São Paulo.

Luiz Henrique Campos: Formado em jornalismo com especialização em Teoria da Comunicação e da Imagem, ambas pela UFC, trabalhei por mais de 25 anos em redação de jornais, tendo passando por O POVO e Diário do Nordeste, nas editorias de Cidade, Cotidiano, Reportagens Especiais, Politica e Opinião.

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