O Estado tem uma sentença de morte contra os pobres e os pretos, não é de hoje, aponta a professora e filósofa Marcia Tiburi
Confira:
O jovem Herus Mendes de 23 anos assistia a apresentação da dança de quadrilha da festa junina na favela Santo Amaro no Catete, zona sul do Rio.
O BOPE chegou atirando. Policiais sem identificação na farda chegaram literalmente matando. Essa é uma cena que não pode ser naturalizada como vem acontecendo.
É revoltante o que a polícia fez. Nos vídeos se pode ver o desespero das pessoas.
O Estado tem uma sentença de morte contra os pobres e os pretos, não é de hoje.
Não é mais apenas o bandido morto que é o bandido bom, mas o pobre morto que é servido no banquete sangrento do milicianato no poder que governa o Rio e serve de modelo se espalhando pelo Brasil.
O governador do Rio, o prefeito do Rio, cada vereador, cada deputado, cada poderoso cheio de grana no banco e ódio no coração, tem mais que as mãos sujas de sangue, eles tem sangue nos dentes.
Para mudar a polícia tem que mudar o governo, mas um governo de homens bandidos e milicianos, não quer paz, quer a carne pobre e preta no chão.
A guerra contra as comunidades é por dinheiro, por poder, mas também por prazer de matar o mais fraco.
A política da matança está aí, não é de hoje, é preciso lembrar, mas tem ficado cada vez pior. Isso precisa mudar. Como mudar?
O povo tem que se rebelar, mas como se rebelar com armas apontadas na sua direção como aconteceu com o jovem Herus?
Uma grande rebelião pela política tem que acontecer. É preciso preparar o caminho para o ecossocialfeminismo. Estamos preparando. Ninguém merece o que essa comunidade vive agora.
Herus, sua família e seus amigos tinham o direito à vida justa e digna. Como as pessoas vão seguir diante de tal absurdo?
Marcia Tiburi é professora de Filosofia, escritora e artista visual