O que a jornalista Andréia Sadi e o grupo Globo fizeram, por malícia, deu uma oportunidade gigante para Lula, aponta o advogado Arnóbio Rocha
Confira:
A indiscrição de alguém, com uma dose razoável de distorção dos fatos, ganhou vida apelativa (machista) de uma jornalista que se diz não machista. A forma de divulgação da conversa entre o presidente Lula (e a primeira-dama, Janja Lula da Silva) com o presidente Xi Jinping sobre a questão do TikTok sob um viés de desgaste do governo e reduzir a viagem ao “incidente”, criou um certo mal-estar.
O que se percebe é que o presidente Lula fez o correto em responder à pergunta capciosa de um jornalista, mostrando indignação com o vazamento, ele explicou sobre a “fofoca” e, mais, conseguiu trazer a discussão para o lugar certo: a regulação das redes sociais.
O que a jornalista Andréia Sadi e o grupo Globo fizeram por malícia deu uma oportunidade gigante para que o presidente Lula repusesse duas questões na ordem do dia: a questão da regulação urgente das redes sociais; a questão do respeito às mulheres, suas opiniões e ideias, sem entrar no mérito sobre a fala da primeira-dama, protocolos, etc.
A mídia corporativa ficou muito “mal na fita” com a fofoca, que foi tola e covarde, pois essa mídia corporativa boicotou completamente a viagem presidencial à China, mais ainda a passagem pela Rússia. Tentou ignorar o acerto político de um país soberano e que sabe com quem deve manter relações multilaterais, então ficou procurando uma “oportunidade” rasteira de tentar ofuscar os enormes ganhos dos acordos com a China, especialmente.
A tática do desgaste é permanente, o MAS usado em todas as situações, por exemplo, poderia ser pelos gastos (mas os ganhos bilionários de investimentos calam as críticas), rede esgoto bolsonarista e Bolsonaro, usaram a fake contra Janja, as tais duzentas malas que ela teria levado, a Globo tentou a malandragem do constrangimento.
Sobre o principal, a questão da regulação das redes sociais, já passou da hora, os crimes de toda ordem (racismo, machismo, misoginia, LGBTfobia, exploração de menores, crimes contra o consumidor, jogos de azar), as exposições das pessoas, especialmente mulheres e crianças, uma gama infinita, todas justificadas pela “liberdade de expressão”, não se coaduna com uma sociedade de direitos e garantias. Por trás da tal liberdade de expressão estão o lucro, as corporações e o crime organizado.
É uma necessidade URGENTE da democracia, pois há vícios e mentiras que são espalhadas com conotação política, contra povos, religiões, sexualidade e comportamentos, o que piorará de modo exponencial com a introdução das IAs, muito além dos algoritmos, comportamentos que são explorados de forma selvagem, em particular, vício em drogas e pornografia. Fechar os olhos para essa realidade é não exercer a função pública confiada.
Por fim, não deixa de ser inusitado que uma jornalista mulher, que critica, muitas vezes com razão, as falas machistas do próprio presidente, noutras, tira do contexto para fazer a crítica, tenha se prestado ao machismo de conveniência para tentar desgastar o governo, sem apurar devidamente e criando mais estigmas contra a primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Que lástima, a mídia corporativa!
Arnóbio Rocha é advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro “Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded”