“Filho criado somente por uma mulher pode até passar por maus bocados, mas não morre de fome, porque tem ela, para a luta diária, para a refrega de todo dia”, aponta o professor João Teles
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Hoje é o Dia internacional da Mulher; que bom. Dia também de conscientização de todos nós, sobretudo em um País, com tanta violência, contra ela e com tanto desrespeito. O que fazer diante dessa realidade tão desafiante, tão aterradora? Partindo-se do pressuposto, que respeito, vem do berço, o que cabe a nós? Denunciar, debater, falar, bradar e não deixar nossa companheira sozinha, nessa luta inglória.
Afinal, todas elas merecem viver (e bem). Sejam elas quituteiras, chapeleiras, cozinheiras, merendeiras, diaristas, donas de casa, arquitetas, médicas, enfermeiras, motoristas, etc; todas elas são resistência. É na mulher que está a fibra, pra lutar pelos filhos, pela escola, pelo de comer, pela medicação, pelo vestuário; mesmo quando o marido some e a deixa sozinha, com o problemão nas mãos. Geralmente, ela fica no batente, cumprindo sua sina. Não arreda pé.
É preciso que os homens e a sociedade reconheçam e aplaudam isso. Filho com uma mulher pode até passar por maus bocados, mas não morre de fome, porque tem ela, para a luta diária, para a refrega de todo dia. Tem homem que não honra a calça que veste; isso dificilmente acontece com um mulher. Pode o mundo desabar sobre sua cabeça; mas ela não rói a corda e ganha o mundo; por isso, hoje e todos os dias, ela merece o reconhecimento, o respeito e o aplauso, de quem não se faz de cego, para não ver o que está diante dos olhos de todos.
Se os direitos das mulheres hoje são parcos, se ela ainda ganha mal, diante da figura masculina, no competitivo mercado de trabalho, cabe aos legisladores e à Justiça, lutar contra isso, para haja uma (providencial) ampliação dessas direitos, geralmente (e historicamente) negados e/ou surrupiados.
Quem – no meio de nós – está disposto a lutar por isso, eis a questão inquietante, para tanta gente. Por que os homens podem ganhar melhor, quando realizam as mesmas tarefas que a mulher e a sociedade aceita isso, com tanta galhardia? Por que tanta hipocrisia, nesse tocante? Por que isso incomoda tão pouca gente, nas fileiras masculinas? São inquietações, não só desse modesto, articulista, mas de tanta gente, de bom senso, que ver isso perdurar, por tantos e tantos anos. Lutemos, pois, pela mulher; afinal, ela foi e sempre será uma grande (e valiosa) companheira de vida!
João Teles de Aguiar é professor, historiador e integrante do Projeto Confraria de Leitura