Com o título “Transformando as Cidades”, eis artigo de Ernesto Antunes, escritor e consultor empresarial do Sebrae e Senai. “Para este e os próximos anos, com um formato mais moderno e sustentável, espera-se que o Cidade Empreendedora possa, cada vez mais, tornar a gestão municipal mais profissional, gerando desenvolvimento, atraindo novos empreendedores e investidores e aumentando a empregabilidade e a renda nos próprios municípios”, expõe o articulista.
Confira:
Todos nós sabemos que o ato de empreender é repleto de desafios, esforço e dedicação plena ao negócio. Exige decisão, ação, preparação, resiliência e muito trabalho. Evidentemente, para os pequenos empreendedores, o desafio é ainda maior, devido à escala reduzida de seus negócios, que exigem grande dedicação e, muitas vezes, a execução simultânea de diferentes atividades e tarefas.
É por isso que o empreendedor não pode ficar sozinho. O Sebrae tem como razão de existir justamente o desenvolvimento, o suporte, a orientação e a formação de micro e pequenas empresas. Para que o nosso Brasil seja um país empreendedor, é necessário ter políticas públicas que favoreçam um cenário mais profissional e que incentivem a criação, a manutenção e o crescimento desses negócios.
Um desses incentivos é uma iniciativa que vem transformando o panorama de diversas localidades do nosso país: o Programa Cidade Empreendedora, criado em meados de 2004, voltado à melhoria do ambiente de negócios, à desburocratização, ao fomento do empreendedorismo e à dinamização da economia local.
Essa ação atua em diferentes eixos, proporcionando articulação entre entes públicos e privados e entidades de classe, promovendo iniciativas que vão da educação empreendedora à criação de Salas do Empreendedor, passando por governança, desenvolvimento de líderes, inovação, ESG, contas públicas, incentivo ao crédito e muito mais, além da importante Agenda DEL.
Ao falar da Agenda DEL, não poderia deixar de mencionar o trabalho profícuo do consultor e instrutor do Cidade Empreendedora, de sobrenome russo, Gilberto Socoloski, que tem transformado cidades do longínquo estado do Acre com ações que remetem à transformação empreendedora em municípios como Cruzeiro do Sul, onde diversos atores do poder público e da sociedade civil participam ativamente de ações voltadas ao avanço e à melhoria do ambiente de negócios e da própria economia local.
Lembro-me de uma ação que realizei como consultor, por meio de um planejamento estratégico para o biênio 2023 a 2024, no município de Ipu, juntamente com o consultor e alpinista Rosier Alexandre, onde constatamos um impacto tão positivo que tivemos a oportunidade de atender um grupo de ceramistas localizado a 30 km da sede do município. Esse grupo é responsável por gerar mais de 400 empregos diretos na região da Ibiapaba. Eles nunca haviam participado de capacitações ou recebido orientações técnicas, por exemplo, sobre como gerenciar melhor as finanças, os estoques e até mesmo a área comercial, que ainda era conduzida de forma pouco profissional diante das exigências do novo mercado.
Outro exemplo da abrangência do Cidade Empreendedora foi a oportunidade que gestores municipais do Vale do Jaguaribe, em especial dos municípios de Jaguaribe e Nova Jaguaribara, tiveram com a capacitação oferecida por profissionais do Sebrae para realizar projetos de negócios voltados ao próprio município, a partir de necessidades e oportunidades identificadas. Houve efetiva participação de secretários municipais e da sociedade civil, em uma verdadeira interação com o setor produtivo, que na ocasião buscava recursos para a produção de tilápia a partir do Açude Castanhão.
Durante a execução das atividades, constatamos o empenho e o engajamento dos servidores públicos municipais em transformar objetivos e metas em ações eficazes. Foi fundamental o comprometimento de todos os envolvidos no programa, em especial do próprio prefeito municipal.
Também acompanhamos, na região do Maciço de Baturité, a participação constante e efetiva de municípios como Baturité, onde vários projetos foram desenvolvidos a partir do Cidade Empreendedora, resultando em conquistas e premiações importantes para o município. Algumas instituições participantes aproveitaram para realizar seu planejamento estratégico para o próximo biênio, com definição da identidade organizacional, missão, valores e visão, com a participação da alta administração.
No final do encontro, um cartaz com uma frase do guru Peter Drucker foi afixado na entrada da instituição: “A melhor maneira de prever o futuro é criá- lo.”
Para este e os próximos anos, com um formato mais moderno e sustentável, espera-se que o Cidade Empreendedora possa, cada vez mais, tornar a gestão municipal mais profissional, gerando desenvolvimento, atraindo novos empreendedores e investidores e aumentando a empregabilidade e a renda nos próprios municípios.
Portanto, o Cidade Empreendedora é um instrumento de transformação, no qual todos os atores envolvidos podem e devem construir uma sociedade mais plena e economicamente mais sustentável.
*Ernesto Antunes
Escritor e Consultor Empresarial do Sebrae e Senai.