“O Brasil cobra muito imposto, gasta mal, tem muito déficit e muita dívida. Com certeza não merece ser série A”, aponta o engenheiro Marcos Holanda, PhD em Economia
Confira:
Infelizmente Fortaleza e Ceará foram rebaixados para serie B do futebol nacional. Não foram os únicos, segundo estimativas do FMI, o Brasil sairá da elite das dez maiores economias do mundo. A Rússia vai tomar nossa décima posição.
Ser elite não é fácil, precisa de bom planejamento e de boa execução financeira. No futebol significa acertar nas contratações, na economia nos projetos selecionados. Em ambos não querer negar a infalível restrição orçamentaria que recomenda só gastar o que arrecadar.
Os times aparentemente contrataram mal, principalmente jogadores com idade avançadas, de passado glorioso, mas presente duvidoso. Além disso formaram elencos numerosos que se justificaria pelo calendário extenuante, mas que pressionam muito o orçamento. A estratégia de contratos longos tem que ser melhor pensada pois existe o que na economia chamamos de risco moral com a possiblidade de acomodação do jogador pois tem contrato garantido.
O Brasil foi rebaixado por uma razão simples, não consegue crescer de forma sustentada. Continua gastando bem acima que arrecada e além disso gastando mal. Cobra muito imposto, gasta mal, tem muito déficit e muita dívida. Com certeza não merece ser série A. Para uma dívida que já se aproxima de 80% do PIB precisaria de um superávit primário de 2% do PIB para estabiliza-la. Hoje temos um déficit estrutural de 1,4% do PIB. Nesse ritmo corre risco de cair para série C.
Para crescer de forma sustentável um país precisa acumular capital físico, capital humano e tecnologia. Como deve muito e continua no vermelho tem que pagar juros elevados. Como pouquíssimos investimentos conseguem se viabilizar com juros reais acima de 10% o país não consegue acumular capital físico. O capital humano é cada vez menor, pelo envelhecimento precoce da população, e de baixa qualidade como mostrado pela estagnação de sua produtividade nas últimas três décadas. Sem capital humano de qualidade, uma economia fechada e empresários corporativistas viciados em benesses do governo a tecnologia avança muito lentamente. Ou seja, ou muda muito ou só volta para elite em momentos de boom de commodities.
No Futebol a volta para elite talvez seja mais fácil. Ele é movido por paixão, mas precisa ser administrado pela razão, disciplina, planejamento, competência. É um dos maiores negócios do mundo e um dos que vão mais crescer no futuro próximo. É um dos poucos setores da economia protegido da revolução da inteligência artificial. Difícil um robô com a habilidade do jovem Estevão. Um bom parâmetro do valor do futebol é a venda recente do Atlético de Madri por 10 bilhões de reais. Assim é muito importante para a economia do estado a volta de seus dois maiores times para série A. Futebol é paixão e é negócio.
Não poderia finalizar sem desejar que o meu Leão seja o primeiro a voltar para o grupo da elite.
Marcos C Holanda é engenheiro e PhD em Economia