“Fosse um jogador comum, Lula por certo cairia na ‘armadinha’ montada por Trump e abriria mão de um processo de retomada de imagem, impulsionado mais pelo campo ideológico do que propriamente por novas políticas públicas”, aponta o jornalista Nicolau Araújo
Confira:
“Assim como é o jogo de xadrez é o jogo da política. Quanto maior é a norma (categoria) do jogador, menor deverá ser o detalhe que o conduzirá à vitória (Nicolau Araújo).
Quando dois grandes mestres do xadrez se encontram no tabuleiro, não há como esperar por uma falha do adversário para alcançar a vitória. Caberá a um dos mestres um lance surpreendente para derrotar o seu oponente.
Quem assim aguardar pelo erro do adversário estará fadado à derrota. E longe de merecer a norma de grande mestre.
No tabuleiro político de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva não há espaço para amadorismo, tampouco equívoco estratégico. E é assim que a “química excelente” anunciada pelo presidente dos Estados Unidos com relação ao presidente do Brasil, nesta semana, na abertura da Assembleia Geral da ONU, não pode ser percebida como uma superioridade posicional de Lula. Mas, sim, como um lance de espera de Trump a fim de saber de que forma o brasileiro irá reposicionar suas peças.
E assim segue o jogo dos grandes mestres.
Trump sabe que Lula obteve algum ganho político com o tarifaço, quando inclusive readaptou o patriotismo do bolsonarismo para um nacionalismo de esquerda, além de se beneficiar com a baixa do preço da cesta básica em todo o país, quando produtos antes exportados passaram a abastecer o mercado interno.
Mas o presidente norte-americano também sabe que Lula está pressionado pela indústria e pelo agronegócio, principais financiadores de campanhas políticas, mesmo que agora por meio de pessoas físicas.
Fosse um jogador comum, Lula por certo cairia na “armadinha” montada por Trump e abriria mão de um processo de retomada de imagem, impulsionado mais pelo campo ideológico do que propriamente por novas políticas públicas.
E Trump segue no aguardo da resposta de Lula a seu lance de espera.
Por enquanto, a cadência de tempo é favorável ao presidente brasileiro, que seguirá com um semblante de grande mestre na certeza que aqueles que torcem por sua vitória estão distantes de qualquer compreensão de uma eficiente estratégia.
Aqueles que ousam decifrar lances de Lula e Trump podem cair no equívoco que o presidente brasileiro venceu a queda de braço contra o imperialismo norte-americano ou ainda que Trump venceu ao mostrar os estragos que sua potente nação pode causar.
E assim segue o jogo dos grandes mestres, com uma torcida formada por nós, amadores, brasileiros e norte-americanos…
Nicolau Araújo é jornalista pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido