Um pedaço do mundo dentro do bairro: a história da biblioteca comunitária Livro Livre Curió – Por Mirelle Costa

Quando a ideia tomou forma, em 2018, Talles Azigon tinha apenas duas estantes e um sonho. Dividiu com a mãe um espaço dentro de casa. Ela, mantendo uma pequena esmalteria; ele, construindo o sonho de disseminar a literatura para crianças e adolescentes do Curió. A primeira entusiasta do projeto, que também é professora, orgulha-se do que o projeto se tornou.

(Rita de Cássia, mãe do Talles. Foto: Divulgação)

A biblioteca comunitária Livro Livre Curió já teve até a visita de Conceição Evaristo. “No aniversário do meu filho, ele pediu livros de presente para montar a biblioteca. Ganhou uma estante também. Hoje o projeto cresceu tanto que tem um anexo, a CasAvoa, além de um clube de leitura para mulheres, oficinas e cinema”, conta Rita de Cássia, mãe do escritor e criador da biblioteca comunitária, Talles Azigon.

(Hoje a biblioteca Livro Livre Curió possui mais de mil títulos // Foto: Divulgação)
(A linguista e escritora Conceição Evaristo conheceu o projeto. Foto: Divulgação)

“LIVRO É IGUAL A PÁSSARO, TEM QUE VOAR NA MÃO DAS PESSOAS <3”
(Rita de Cássia, mãe do Talles Azigon)

Entre os títulos, alguns são de autoria de poetas do nordeste até obras de ficção científica, tudo junto e misturado. “Uma biblioteca comunitária te proporciona o contato com o mundo. É uma grande internet que nos conecta com o restante da cidade. A gente deixa tudo bem livre aqui na biblioteca, não há nenhum tipo de burocracia. A pessoa entra e já tem contato com o livro, não há cadastro nem período de leitura. A nossa preocupação não é com o acesso, mas com a experiência. Existe uma ausência muito grande na educação brasileira. É uma realidade para muitos não ter livros em casa, circulando entre os membros da família. O grande desafio foi fazer o Curió entender o que é uma biblioteca, na prática. Eu me enxergo nessas crianças. Não acho que eu esteja fazendo algo extraordinário, mas tenho um sentimento de justiça social, porque queria muito ter tido a experiência que estou proporcionando. A biblioteca não é um grande milagre, mas eu vejo mudanças significativas, na escrita e no pensamento das crianças”, explica Talles Azigon.

(A biblioteca Livro Livre Curió fica na Rua Jorge Sosa, 109 – Lagoa Redonda // Foto: Divulgação)

Essa foi uma das matérias mais bonitas que eu já fiz na coluna.

E sabe o que vou fazer agora?

Doar alguns exemplares do meu livro Não Preciso Ser Fake para a biblioteca comunitária Livro Livre Curió.

Você, escritor, pode fazer o mesmo.
Ela se localiza na Rua Jorge Sosa, 109 – Lagoa Redonda. Cep 60.831-413.

Para mais informações, acesse: https://www.livrolivrecurio.com.br

LI E INDICO

O jornalista Rodrigo Alves, podcaster do Vida de Jornalista, indicou a obra Querida Konbini, da japonesa Sayaka Murata.


“É um livro que eu li recentemente e gostei bastante. Como uma rotina inofensiva pode causar tanto desconforto? Foi a pergunta que ficou após a leitura de “Querida Konbini” (Editora Estação Liberdade, 148 páginas), de Sayaka Murata, uma das escritoras mais celebradas da literatura contemporânea japonesa. O livro acompanha o dia a dia de Keiko Furukura, uma mulher de 36 anos que nunca se envolveu afetivamente e trabalha há quase duas décadas em uma konbini (loja de conveniência). A rotina repetitiva, a dedicação obsessiva ao trabalho e a relação às vezes bizarra com amigos e familiares vão causando em quem lê uma sensação crescente de incômodo. É tudo normal demais e ao mesmo tempo esquisito demais. Leitura curta, divertida e provocadora”, explica o jornalista.

(Capa da obra Querida Konbini é da editora Estação Liberdade, 148 páginas)
Mirelle Costa: Mirelle Costa e Silva é jornalista, mestre em gestão de negócios e escritora. Atualmente é estrategista na área de comunicação e marketing. Possui experiência como professora na área de jornalismo para tevê e mídias eletrônicas. Já foi apresentadora, produtora, editora e repórter de tevê, além de colunista em jornal impresso. Possui premiações em comunicação, como o Prêmio Gandhi de Comunicação (2021) e Prêmio CBIC de Comunicação (2014). Autora do livro de crônicas Não Preciso ser Fake, lançado na biblioteca pública do Ceará, em 2022. Participou como expositora da Bienal Internacional do Livro no Ceará, em 2022.

Ver comentários (1)

  • Leio as matérias, com a certeza que esse mundo pode ser melhor.
    Com mais "ritas", mais "curios". Faço parte do projeto de há muito. Estive lá no poesia viva.
    Tales, acompanho seu potencial desde o Sesc.
    Gostaria muito que a sociedade pudesse entender de onde vem a força da arte nesse país.

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