“Um viva aos reencontros” – Por Zenilce Bruno

Zenilce Bruno é psicóloga, sexóloga e terapeuta

“Tudo seria perfeito se no meio disso a vida não voltasse ao normal e analisássemos o que estamos fazendo e principalmente com quem estamos vivendo”, aponta a psicóloga e sexóloga Zenilce Bruno

Confira:

A rede social tem facilitado muito nosso contato com antigos vizinhos, colegas de colégio, faculdade, grupos de jovens e nos motivam a marcar enfim um grande reencontro. É inacreditável como parece que nunca nos separamos. As mesmas brincadeiras, conversas e até planos como se fôssemos recomeçar a vida e enfim fazermos aquilo que planejamos na juventude e com certeza estão todos incluídos. A cada dia encontramos mais alguém desaparecido e tentamos incluí-lo no novo velho grupo de amigos, agora tão diferente.

Isso tem acontecido com frequência, sempre saímos desses momentos renovados, animados e com datas marcadas para o próximo reencontro. Tudo seria perfeito se no meio disso a vida não voltasse ao normal e analisássemos o que estamos fazendo e principalmente com quem estamos vivendo, e aí vem em alguns casos, um sentimento de frustração e tristeza.

Cadê aquela jovem garota que já chegou até a ser miss e o jovem sonhador? Estão quietinhos e muitas vezes solitários. Alguns se tornaram grandes estrelas, outros não conseguiram brilhar. E para ser sincera, alguns vibram com nosso sucesso e outros nem tanto.

Mas o que mais me encanta e não poderia deixar de ser, são os reencontros amorosos, esses são maravilhosos! Depois de tantos anos resolvem dizer finalmente que eram apaixonados, e na maioria das vezes com grandes risadas, mas em outras com algumas lágrimas de atraso e desencanto.

A conversa quase sempre gira em torno do que poderia ter sido, e porque não em outras, arriscarem como poderá ser. Essa é a melhor parte, renovar os planos e sentimentos. Aí vemos no casal uma alegria juvenil indescritível, reencontrar um grande amor!

Conheço algumas pessoas que voltaram a se relacionar com antigos amores depois de anos de separação, e esta é também uma cena com sabor singular. Você reconhece o outro em alguns passos, atitudes, desejos, aqueles pelos quais se encantou anos atrás; o excitante é descobrir que a pessoa tem coisas que você não percebia na outra época ou ainda redescobrir que aquilo que rejeitava agora lhe parece tão importante.

Há também um misto de incômodo e satisfação em confirmar atitudes que se conservaram. Talvez o que tenha mudado é que agora, passados os anos, você saiba reconhecer como lidar com aquelas esquisitices, com os comportamentos difíceis e com suas próprias reações intempestivas diante do fato de que a outra pessoa não é uma produção sua.

Recomeçar é mais difícil do que começar, existe um medo enorme de errar de novo, parece ser a última chance e muitas vezes é mesmo. Mas cabe a quem encontrou, desencontrou e finalmente reencontrou, aproveitar sem angustia cada momento vivido, porque apesar de algumas mudanças, nossa essência será sempre a mesma.

Talvez o grande causador das separações seja o desconhecimento dessa essência e que só depois de algum tempo temos maturidade para reconhecê-la.

Como articulista e com a honra de escrever o que penso que o jornal me conferiu, tenho a ousadia de oferecer o artigo de hoje a todos que passaram pela minha vida. Para os que eu encontrei, desencontrei e reencontrei minha grande alegria e aos que eu não consegui mais abraçar… Muita saudade!

Zenilce Bruno
Psicóloga e Sexóloga
zenilcebruno@uol.com.br

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