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“Vai piorar” – Por Marcos C. Holanda

Marcos Holanda já presidiu o BNB e é PhD em Economia. Foto: Reprodução

Com o título “Vai piorar”, eis artigo de Marcos C. Holanda, engenheiro civil, PhD em Economia e ex-presidente do Banco do Nordeste. “Mercado de cambio é muito volátil e, até o fim do ano, muita coisa pode acontecer”, expõe o articulista.

Confira:

Sendo engenheiro e economista, vou descrever a situação da economia brasileira como uma casa que, na superfície, parece boa, mas que está com suas fundações seriamente abaladas. Se não forem feitos reparos, corremos risco de um colapso e implosão da casa.

Deflação em agosto, desemprego baixo, cambio bem-comportado passam a idéia de que a economia está forte e com boas perspectivas. O diabo está nos detalhes. Deflação é pontual e explicada por queda momentânea nos preços dos alimentos e energia, que devem ser revertidos já no curto prazo. O IGP de agosto já mostra isso, lembrando que oscilações do IGP indicam movimentos futuros do IPCA. O baixo desemprego está no seu limite e deve começar a subir, lembrando que o mercado de trabalho foi alterado pelo forte aumento do bolsa família e pela opção de renda informal acrescido da renda do BF. No câmbio a calmaria se deve mais a uma tendência global de enfraquecimento do dólar e não de fatores internos.

O problema surge quando vamos avaliar as fundações da casa. Dívida pública chegando aos 80% do PIB sendo mais de 20 pontos percentuais superior aos países pares do Brasil. Déficit crescente pelo aumento continuado dos gastos. De nada adianta retirar do cálculo da meta de resultado primário gastos ditos excepcionais pois no final do dia tudo vira dívida. Como consequência, temos juros cada vez mais elevados para financiar o Tesouro. Semana passada, o governo teve que pagar IPCA + 7,8% para financiar sua dívida. Se o tesouro precisa pagar juros reias de 7,8%, imagina o setor privado…

Nenhuma economia resiste a juros dessa magnitude. No câmbio, além do enfraquecimento global do dólar, temos o efeito da arbitragem das taxas de juros. Olhando para frente, temos, no entanto, um déficit crescente na conta corrente que já está em 3,5% do PIB e redução dos investimentos diretos externos, para não falar do tarifaço. Mercado de cambio é muito volátil e, até o fim do ano, muita coisa pode acontecer. Por fim, aumento do PIB via aumento de gastos com transferências e expansão subsidiada de credito público, está se esgotando e, mais uma vez, o voo da galinha vai acontecer.

No Ceará, o crescimento surpreendente do PIB puxado, também de forma surpreendente, pelo Agro, não deve se repetir, bem como a expansão do consumo financiado pelo aumento do BF e
demais transferências. Já as contas do governo mostram déficits crescentes e forte redução da capacidade de expansão de gastos. Gastos de infraestrutura mal alocados como metrô e VLT, pouco vão agregar à economia, bem como às eternas promessas de investimentos bilionários que nunca se concretizam.

Mensagem então, é… apertem o cinto pois o piloto do avião está seguindo rota errada. Não precisa trocar o avião, que é de excelente qualidade. Quem sabe, apenas trocar o piloto.

*Marcos C. Holanda

Engenheiro civil, PhD em Economia e ex-presidente do Banco do Nordeste.

Eliomar de Lima: Sou jornalista (UFC) e radialista nascido em Fortaleza. Trabalhei por 38 anos no jornal O POVO, também na TV Cidade, TV Ceará e TV COM (Hoje TV Diário), além de ter atuado como repórter no O Estado e Tribuna do Ceará. Tenho especialização em Marketing pela UFC e várias comendas como Boticário Ferreira e Antonio Drumond, da Câmara Municipal de Fortaleza; Amigo dos Bombeiros do Ceará; e Amigo da Defensoria Pública do Ceará. Integrei equipe de reportagem premiada Esso pelo caso do Furto ao Banco Central de Fortaleza. Também assinei a Coluna do Aeroporto e a Coluna Vertical do O POVO. Fui ainda repórter da Rádio O POVO/CBN. Atualmente, sou blogueiro (blogdoeliomar.com) e falo diariamente para nove emissoras do Interior do Estado.

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