“Ciência sozinha não basta. Fé e espiritualidade também oferecem sentido e esperança. Quando unimos recursos terapêuticos e práticas espirituais, encontramos verdadeiros aliados na defesa da vida”, aponta o psicólogo Antonio Souza
Confira:
Setembro Amarelo é um marco no calendário mundial de prevenção ao suicídio. Uma campanha necessária, que ilumina um tema ainda cercado de silêncio e tabu. No entanto, mais do que um mês de mobilização, é preciso compreender que a valorização da vida exige atenção constante. A conscientização não pode se restringir a datas simbólicas, porque o sofrimento emocional não tem prazo marcado para acontecer.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo. No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Esses números não são estatísticas distantes: revelam dramas reais, que poderiam ser evitados com diálogo, empatia e políticas de cuidado contínuo.
A Psicologia oferece caminhos importantes para essa reflexão. Martin Seligman, pela Psicologia Positiva, lembra que forças e virtudes podem fortalecer a resiliência. Já a Psicologia Clínica nos alerta para fatores de risco como isolamento, desesperança e histórico de depressão, mas também aponta fatores de proteção, como apoio social, espiritualidade e propósito de vida. Daniel Goleman reforça a importância da inteligência emocional para lidar com frustrações e conflitos internos. Estratégias práticas como escuta ativa, técnicas de respiração e diálogo terapêutico fazem diferença na construção de bem-estar.
Entretanto, ciência sozinha não basta. Fé e espiritualidade também oferecem sentido e esperança. Quando unimos recursos terapêuticos e práticas espirituais, encontramos verdadeiros aliados na defesa da vida. O cuidado integral acontece quando corpo, mente e espírito são reconhecidos como dimensões inseparáveis da existência humana.
Valorizar a vida é cultivar empatia, acolher sem julgamentos e oferecer presença genuína. É um chamado à responsabilidade coletiva. Temos que ouvir mais, acolher mais, amar mais. Porque a vida é dom precioso, que precisa ser nutrido todos os dias.
Como diz a Escritura: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Que essa promessa nos inspire a transformar a conscientização em prática permanente, capaz de resgatar vidas e semear esperança.
Antonio Souza é psicólogo, mentor e palestrante