VALUATION – Quanto vale uma empresa para o mercado? – por Fabiano Mapurunga

VALUATION

Vamos hoje conversar um pouco, sobre como podemos mensurar o valor de mercado de uma empresa para que possamos conduzir operações de venda e de compra de suas ações. Precisamos entender se o ativo é ou não viável para estar compondo a nossa carteira. Então vamos falar sobre valuation, para tanto vamos explicar um pouco sobre os tipos de análise utilizados para se avaliar ativos: 

A – Análise Conjuntural: é uma metodologia da Ciência Política, que se propõe a interpretar os eventos, que surgem da ação dos atores em específicos contextos. Os contextos são dinâmicos em virtude dos eventos que surgem, findam ou se reproduzem.

B – Análise Fundamentalista: trata se de um tipo de abordagem com base em indicadores, que se destina a medir a saúde financeira e a capacidade de crescimento de uma empresa. Nesta utilizamos o valuation para medições.

Agora vamos explorar o valuation, o qual se expressa pelo seu grau de complexidade e dinamismo, envolvendo a utilização de indicadores financeiros, projeções de resultados e avaliações de cenários econômicos.

DEFINIÇÃO

Valuation vem a ser um agrupamento de técnicas que possibilitam chegar ao valor mais justo de um ativo. O conceito foi notabilizado por Aswath Damodaran, um investidor e acadêmico indiano, que ficou reconhecido por conseguir chegar a análise de ativos bem complexos como as ações da Apple, onde as adquiriu em 1990 por menos de um dólar, e realizou boa parte da venda em 2012 quando as mesmas já estavam valendo mais de 100 dólares.

A verdadeira contribuição de Aswath Damodaran para a ampla utilização mundial do valuation foi a aplicação de critérios além do value investing (busca por ações descontadas) e dos já arraigados indicadores financeiros, que se restringiam apenas a aspectos quantitativos. Para Damodaran, é necessário se observar além do véu do mercado. Daí se explica o uso de diferentes técnicas no valuation, para se chegar ao valor de um ativo.   

IMPORTÂNCIA DO VALUATION

Para ter clareza sobre o valor de um ativo, considerando não apenas a solidez da empresa e seus resultados, levando em consideração o momento da compra, é fundamental o uso do Valuation. Porém o mesmo não fica apenas restrito a avaliar o valor das ações de uma empresa, mas também a outras questões que não estão, necessariamente, ligadas ao mercado financeiro.

É amplamente utilizado quando, por exemplo, algum dos sócios de uma determinada empresa, deseja sair da sociedade vendendo suas cotas, para tanto será necessário determinar o valor consensual da organização, sendo assim, será necessário de utilizar de análises de demonstrações contábeis, fluxos de caixa, projeções de receitas e despesas, etc.

Outro caso importante para a utilização do valuation, será em caso de litígios no planejamento sucessório, onde os desentendimentos poderão ser sanados após o cálculo do valor mais justo dos ativos, o que facilitará a partilha.

MÉTODOS DE VALUATION

Vamos abordar aqui, apenas os três principais:

1 – Fluxo de Caixa Descontado

Comumente utilizada para a avaliação de empresas e de projetos em geral. Conhecida pela sigla DCF (discounted cash flow). Tem como base de dados as projeções futuras de um negócio, unidas aos possíveis riscos de investimento. De forma objetiva, o método se propõe a demonstrar quanto a empresa vale hoje considerando a sua geração de recursos no futuro. Do valor encontrado, se desconta uma taxa de oportunidade que chamaremos de TMA (Taxa Média de Atratividade), que pode ser o CDI, a Selic ou qualquer outra a ser combinada previamente.

O Fluxo de Caixa Descontado é a metodologia mais utilizada e considerada a mais completa, pois permite a devida avaliação do caixa da empresa no longo prazo, além de ser passível de ajustes de acordo com cada cenário de mercado. Comumente os analistas costumam utilizar o intervalo de cinco a dez anos para a mensuração, pois acima deste intervalo as projeções tendem a ser mais imprecisas.  

2 – Múltiplos de Mercado

Este método se resume à comparação entre indicadores fundamentalistas de empresas do mesmo setor.

Recebe o nome também de avaliação relativa, pois o valor da empresa analisada se baseia nas empresas que estão servindo de base comparativa.

Seguem alguns dos múltiplos de mercado que são utilizados nesta metodologia:

2.1. EV/ EBITDA

– EV: representa o somatório do valor de mercado de uma empresa e da sua dívida líquida (caixa – endividamento).

O valor de mercado de uma empresa será encontrado multiplicando o preço da sua ação pela quantidade de títulos que ela possui em um determinado período.

EV = Valor de Mercado + (Dívida Total – Disponibilidade de Caixa)

– EBITDA: é a geração de caixa da empresa considerando apenas a sua atividade operacional.

2.2. Preço/ Lucro (P / L)

É a relação entre o preço atual e o seu lucro acumulado em um período determinado. Aponta quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo lucro apresentado da empresa.

O simples fato de a empresa estar apresentando lucro, não obriga que haverá uma valorização de suas ações, pois as mesmas já podem estar em seu preço máximo determinado, não obtendo mais capacidade de variação de alta.  

2.3. Preço/ Valor Patrimonial por Ação (P / VPA)

É a relação entre o preço da ação e o valor do seu patrimônio líquido (PL) = (Ativo Total – Passivo Total).

Ao realizarmos a divisão do PL por sua quantidade de ações, encontraremos o valor patrimonial por ação.

Segue a interpretação do indicador:

  • VPA < 1: a empresa vale menos do que seu PL. Ação está “barata”;
  • VPA > 1: a empresa vale mais do que seu PL. Ação está “cara”;
  • VPA = 1: a empresa vale exatamente o seu PL. Temos o “equilíbrio”.

2.4. Dividendo Yield (DY)

Utilizado pelo investidores que focam em renda passiva, e demonstra o retorno que as ações entregam pelo pagamento de dividendos.

DY = (Dividendos pagos no período/ preço da ação) X 100

3 – Valor Patrimonial

Este método se baseia no valor patrimonial de uma empresa. Tem uma forte dependência das informações contábeis.

Os ativos intangíveis como marca, patentes e outros, não são considerados.

Como podemos observar, o DFC é o método mais utilizado para o cálculo do valuation de uma empresa porém é preciso se chegar a um consenso para se adotar o método mais coerente ao momento e ao seguimento a ser avaliado.

Fabiano Mapurunga: Fabiano Mapurunga é Mestre em Administração de Empresas com ênfase em Finanças pela Unifor, Pós-Graduado em Gestão de Negócios pelo INSPER, MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV, MBA em Agronegócios pela USP/ Esalq e Graduado em Administração de Empresas pela UFC. Possui experiência de 23 anos na área de Finanças Corporativas. Atualmente trabalha com inovação e consultoria financeira para empresas nacionais, além de se dedicar a novos negócios e investimentos. É professor universitário em cursos de Pós Graduação e autor de vários artigos.

Ver comentários (8)

  • Sempre leio as matérias de economia, que me esclarecem e tiram dúvidas.

  • A matéria é muito instigante, mas não é tão simples, quando se trata de operações de M&A e litígios (saída de sócios por meio de cisão parcial ou dissolução parcial de sociedade). O judiciário já pacificou entendimento quanto a não ser possível utilizar o valuation para os casos de litígios. Nesses casos, há de ser utilizado o balanço de determinação.

  • Continua nos informando sobre economia com a mesma excelência de sempre.

  • Parabéns pela forma simples para explicar um assunto tão complexo.

  • Excelente artigo! Vejo muitos empresários comprando outras empresas sem fazer a devida análise e com menos de 2 anos acabam repassando o negócio para frente!!

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